MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Período de seca no Brasil cresce 25% em 60 anos

Para entender essa transformação, pesquisadores analisaram dados de estações meteorológicas espalhadas pelo país em dois intervalos de tempo: de 1961 a 1990 e de 1991 a 2020

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Seca – Créditos: depositphotos.com / fotokostic

Nos últimos 60 anos, o Brasil tem testemunhado um aumento significativo no número de dias consecutivos sem chuva. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) revelam que o período de seca no país aumentou de 80 para 100 dias, representando cerca de 25%. Esta alteração no clima é um indicativo claro das mudanças climáticas em curso.

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Para entender essa transformação, pesquisadores analisaram dados de estações meteorológicas espalhadas pelo Brasil em dois intervalos de tempo: de 1961 a 1990 e de 1991 a 2020. Os resultados evidenciam um aumento preocupante na frequência de estiagens prolongadas.

Comparando os dois períodos, verificou-se que o Brasil passou de uma média de 80 a 85 dias sem chuva para 100 dias consecutivos. Esse aumento de 25% no tempo sem precipitação é um sinal alarmante das mudanças no padrão climático, afetando diretamente diversas regiões do país.

“Observávamos inicialmente essa estiagem mais intensa na região Nordeste, mas agora está se espalhando para outras regiões, como o Sudeste. Isso indica uma mudança no padrão”, afirma Lincoln Alves, especialista em mudanças climáticas, ao g1.

O que está causando estas mudanças e seca?

Lincoln Alves, o autor principal da análise, atribui a maior parte das alterações na frequência da seca à maiores emissões de gases de efeito estufa. Este fenômeno está acelerando mudanças no clima que só eram esperadas até 2050. “Estamos enfrentando esses efeitos muito antes do previsto, o que requer uma resposta urgente”, alerta Alves ao g1.

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Este estudo é parte de um conjunto de pesquisas que buscam compreender o “novo clima” no Brasil. Entre as evidências já levantadas estão:

  • Aumento da temperatura média em até 3°C
  • Maior incidência de ondas de calor
  • Chuvas intensas mais frequentes, como as registradas no Rio Grande do Sul

As informações obtidas servirão de base para o Plano Clima Adaptação, aprovado recentemente após eventos climáticos extremos no Rio Grande do Sul. Este plano visa orientar as decisões do poder público para mitigar os impactos das mudanças climáticas e da seca.

“Este estudo é um alerta sobre os efeitos das mudanças no clima e nos aponta a direção para a ação. É crucial reduzir a emissão de gases de efeito estufa e pensar em estratégias de mitigação para reduzir os impactos”, destaca Lincoln Alves.

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