O governo da Espanha mobilizou um reforço de 5 mil soldados para apoiar os moradores de Valência, atingida por uma enchente devastadora na terça-feira (29). A cidade, terceira maior do país, enfrenta desde então uma situação de calamidade.
Destruição e esforços de resgate em Valência
A enchente destruiu casas, arrastou carros e deixou parte da população sem acesso a alimentos, energia e água potável. Em pronunciamento nesta manhã, o presidente Pedro Sánchez confirmou que o número de mortos subiu para 211.
Em Torrente, bairro de Valência, o brasileiro Flávio Resende Júnior relatou que a situação é crítica, com mercados sendo saqueados devido à falta de recursos. “A polícia não tem mais controle de nada. Esse bairro não tem luz, não tem água. Então o pessoal está entrando nos mercados e pegando tudo”, relatou ao g1.
Para conter a crise e oferecer assistência à população, o governo enviou o Exército na sexta-feira. Os soldados atuarão na limpeza das ruas e na distribuição de suprimentos aos moradores do sul de Valência, a área mais impactada.
Milhares de voluntários também chegaram a Valência na sexta-feira, trazendo rodos e alimentos para ajudar nos trabalhos de limpeza e na assistência aos afetados. Enquanto isso, o ministro dos Transportes, Óscar Puente, informou que cerca de 80 km de rodovias no leste do país estão bloqueadas ou seriamente danificadas, muitas obstruídas por carros abandonados.
As chuvas intensas que causaram as enchentes deixaram um cenário de destruição em municípios por toda a região leste da Espanha. Em várias localidades, ruas foram transformadas em rios, carros ficaram empilhados, postes de energia caíram e móveis foram arrastados pela lama.
A enchente mais intensa do século
Autoridades espanholas classificaram o evento como o pior desastre ambiental no país neste século. Em apenas oito horas, a chuva na área atingida igualou o volume esperado para o ano inteiro.
A região costeira do Mediterrâneo espanhol, onde fica Valência, costuma enfrentar tempestades intensas durante o outono, mas esta foi a mais severa em décadas. Cientistas apontam para as mudanças climáticas como fator contribuinte, uma vez que o aquecimento do mar Mediterrâneo intensificou os eventos climáticos extremos.
Críticas à falta de alertas
Após a fase mais aguda do desastre, o governo espanhol passou a ser alvo de críticas por conta da demora nos alertas sobre a enchente. Moradores relataram que o aviso só foi emitido por volta das 20h, quando a água já tomava as ruas e arrastava veículos.
Na quinta-feira, o primeiro-ministro Pedro Sánchez alertou que a tempestade ainda representava perigo e pediu que a população permanecesse em casa e seguisse as orientações dos serviços de emergência.
Leia também: Influenciador morre aos 26 anos após cometer ato proibido na Espanha
Siga a gente no Google Notícias