Kamala Harris cresceu sob a influência de sua mãe, uma indiana que emigrou sozinha para os EUA aos 19 anos, incentivando a filha a ser “a primeira mulher” a alcançar grandes feitos e a abrir caminho para outras. Ao longo de sua vida, Harris aplicou esse conselho, tornando-se a primeira mulher a ocupar cargos de destaque, como procuradora-geral da Califórnia, senadora de origem indiana, e, mais recentemente, vice-presidente dos Estados Unidos.
Agora, nesta terça-feira (5), Harris tenta romper mais um marco histórico ao buscar ser a primeira mulher presidente dos EUA. Nascida em 1964, na Califórnia, Kamala, filha de mãe indiana e pai jamaicano, cresceu em um ambiente marcado por lutas pelos direitos civis. Seu nome do meio, “Devi“, em sânscrito, significa deusa, e foi escolhido por sua mãe como forma de manter viva a cultura hindu.
Na juventude, Harris equilibrava sua vida entre a cultura americana e suas raízes indianas, passando férias na Índia com a família. Mas, ao longo de sua trajetória, evitou explorar publicamente as questões de raça, gênero e imigração que marcaram sua vida pessoal e política, preferindo manter seu foco no trabalho.
Questões de família e o título de Kamala como “Momala“
Harris enfrentou ataques da oposição por não ter filhos, uma crítica que ganhou força com o vice de Trump, J.D. Vance, ao chamá-la de “a senhora dos gatos sem filhos“. Entretanto, Harris recebeu o apoio dos enteados, do marido Doug Emhoff e da ex-esposa dele, Kerstin Emhoff, que revelou o apelido familiar da candidata, “Momala“, que Harris considera seu título mais especial.
Em campanha, Kamala adotou uma postura discreta, mantendo o foco em sua experiência profissional e evitando debates sobre gênero — uma estratégia também incentivada pelo Partido Democrata, que avaliou como prejudicial a ênfase nessa questão durante a campanha de Hillary Clinton em 2016.
Durante o governo Biden, Harris foi incumbida de liderar políticas de imigração, uma questão espinhosa que lhe rendeu o apelido de “czar da fronteira” entre apoiadores de Trump. Porém, somente quando Biden anunciou sua desistência da reeleição e endossou Harris, ela começou a assumir o protagonismo na corrida presidencial.
A ex-procuradora se posiciona como uma figura experiente e progressista, destacando que foi “uma das promotoras mais progressistas” da Califórnia e prometendo lutar por causas como a descriminalização da maconha. Antes de ingressar na política, Harris foi indicada por Barack Obama ao cargo de procuradora-geral da Califórnia, onde ganhou notoriedade por enfrentar abusadores e defender famílias contra práticas injustas de bancos.
Eleita senadora em 2016, Kamala assumiu um papel de destaque no Comitê Judiciário, o que ampliou sua visibilidade nacional. Em 2020, embora tenha se retirado da corrida antes das primárias, aceitou o convite de Biden para compor sua chapa como vice, abrindo caminho para sua atual candidatura à presidência.
A influência da mãe, Shyamala Gopalan, foi fundamental em sua formação. Pesquisadora de câncer de mama e ativista, Gopalan deixou sua marca na luta por minorias e pelos direitos civis, inspirando a filha a trilhar um caminho de combate às desigualdades. Harris também menciona pouco o pai, Donald Harris, economista jamaicano e professor, com quem mantém uma relação distante.
Kamala frequentemente relembra sua trajetória e os desafios que enfrentou, dizendo: “Eu lutei pelo povo por toda a minha vida“. Em um de seus últimos discursos antes da eleição, enfatizou seu compromisso em representar os americanos e continuar sua luta agora como presidente.
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