ENTENDA

Projeto na Câmara busca eliminar as exceções para aborto legal no Brasil

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Teste de gravidez – Créditos: depositphotos.com / HayDmitriy

Nesta quarta-feira, 27, a aprovação pela Comissão de Constituição, Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara de uma proposta de Emenda à Constituição (PEC) reacendeu o debate sobre o aborto no Brasil. Esta medida é vista como uma iniciativa das alas de direita e conservadoras do Congresso, e propõe proibir o aborto em todas as situações, mesmo naquelas atualmente permitidas por lei ou decisões do Supremo Tribunal Federal (STF).

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Atualmente, o aborto não é classificado como crime em três situações específicas: quando o feto é anencéfalo, quando a gravidez resulta de estupro, ou quando há risco de vida para a mãe. A proposta de alteração pretende incluir a expressão “desde a concepção” na Constituição, reforçando a ideia de que a vida começa nesse ponto e tornando o aborto inviável em qualquer condição.

Como o aborto é regulamentado atualmente?

Na legislação atual, o aborto é uma prática permitida em três casos. Quando o feto apresenta anencefalia, a gravidez é fruto de estupro, ou há risco iminente à vida da gestante, o aborto é descriminalizado. Por motivos de anencefalia e risco à vida, é necessário obter um laudo médico para confirmação, incluindo exames de imagem.

No caso de gravidez decorrente de violência sexual, o procedimento é menos burocrático, exigindo apenas o testemunho da vítima aos profissionais de saúde. Fora dessas circunstâncias, o aborto se configura como crime. Contudo, apesar de raramente haver prisões, a mulher enfrenta pressão legal significativa.

A proposta apresentada pelo ex-deputado Eduardo Cunha em 2012 visa alterar o entendimento constitucional do direito à vida. Ao incorporar a expressão “desde a concepção”, a PEC, segundo seus defensores, objetivaria impedir qualquer forma de aborto, independentemente do estágio da gravidez ou situação.

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Implica, portanto, que casos anteriormente previstos como exceção pela lei poderiam não mais ser aceitos. Esta visão sobre o início da vida poderia resultar em impactos legais e sociais profundos, colocando em risco o direito que as mulheres têm atualmente em situações específicas e criando um novo paradigma de debate sobre direitos reprodutivos.

Como a população enxerga essa mudança?

O cenário nas redes sociais demonstra que a proposta enfrenta resistência de significativa parte da população. A percepção geral é de que a mudança extrema na legislação poderia equivaler o aborto a um ato de homicídio, o que levanta questões éticas e morais profundas.

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As divergências sobre o tema refletem na sociedade uma divisão de crenças e valores, ressaltando a necessidade de um debate amplo e inclusivo que considere os direitos humanos, a saúde das mulheres, e os aspectos socioculturais envolvidos na questão do aborto.

A discussão sobre a proposta de Emenda à Constituição avança agora para outras etapas do processo legislativo no Brasil. A proposta ainda precisa passar por deliberações e votações em outras comissões e no plenário, antes de se tornar efetiva.

O futuro dessa PEC dependerá não apenas das discussões no Congresso, mas também da participação ativa de diversos setores da sociedade, que buscam alinhar políticas públicas com os direitos humanos, a saúde pública e a liberdade de escolha das mulheres. A questão do aborto continuará a ser um dos temas centrais no debate político e social brasileiro, exigindo atenção e engajamento contínuo.

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