O ano de 2024 foi marcado por eventos climáticos extremos no Brasil, influenciados significativamente pelo fenômeno do El Niño. Tradicionalmente, janeiro é um mês chuvoso no país, mas a presença de um El Niño forte trouxe mudanças substanciais ao padrão climático habitual. Isso resultou em chuvas irregulares, com algumas áreas enfrentando pouca precipitação enquanto outras, especialmente regiões litorâneas, lidam com tempestades intensas.
No interior do Brasil, janeiro foi caracterizado por tempo seco e temperaturas elevadas. Em contraste, o litoral das regiões Sul e Sudeste experimentou graves transtornos devido a tempestades e chuvas volumosas, com acumulados superando facilmente a marca dos 400 mm em diversos locais. Este padrão de chuvas intensas seguiu ao longo dos meses subsequentes em partes específicas do país.
Como o El Niño afeta a distribuição de chuvas?
O El Niño é conhecido por alterar os padrões climáticos globais, influenciando diretamente a distribuição de chuvas pelo Brasil. Durante março e abril de 2024, a Região Norte e o litoral do Nordeste receberam volumes consideráveis de chuva, com acumulados superando os 700 mm em algumas áreas. Entretanto, o evento mais notável ocorreu na Serra Gaúcha, onde a cidade de Caxias do Sul registrou impressionantes 845,3 mm de precipitação ao longo de maio, concentrados principalmente na primeira quinzena do mês.
Esse excesso de água teve um impacto direto no aumento dos riscos de deslizamentos de terra. A saturação do solo pelo grande volume de água pode provocar instabilidade, especialmente em terrenos mais íngremes, aumentando assim os perigos associados à erosão e deslizamentos.
Quais foram os destaques pluviométricos de 2024?
Além dos eventos na Serra Gaúcha, 2024 registrou outros acumulados pluviométricos notáveis. Salvador, na Bahia, recebeu 821,7 mm em abril, enquanto Soledade, no Rio Grande do Sul, acumulou 773,8 mm logo no início do ano. A primavera veio trazendo chuvas generalizadas para o Sudeste e o Centro-Oeste, com Água Boa, no Mato Grosso, somando 717,4 mm apenas em novembro.
- 845,3 mm – Caxias do Sul (RS) – maio
- 821,7 mm – Salvador (BA) – abril
- 773,8 mm – Soledade (RS) – janeiro
- 750,0 mm – Turiaçu (MA) – março
- 717,4 mm – Água Boa (MT) – novembro
Como o clima de 2024 se compara aos anos anteriores?
Com o avanço do ano, a ausência de um El Niño mais forte no segundo semestre ajudou a mitigar as altas temperaturas esperadas. O aumento da nebulosidade a partir de outubro, assim como a umidade persistente, colaboraram para evitar as ondas de calor prolongadas observadas em 2023. Apesar disso, 2024 já está classificado como o ano mais quente registrado no planeta, superando 2023.
Estes eventos climáticos extremos destacam a complexidade e a imprevisibilidade do clima brasileiro, especialmente sob a influência de fenômenos globais como o El Niño. A observação contínua e o estudo desses padrões são essenciais para a formulação de estratégias eficazes de mitigação e adaptação por parte dos responsáveis pela gestão ambiental e urbana.
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