Depois de somente uma semana em cartaz no Centro Cultural Fiesp, a exposição “Venenosas, Nocivas e Suspeitas” já é um sucesso absoluto, atraindo quase cinco mil visitantes em quatro dias. O projeto ousado da renomada artista Giselle Beiguelman convida o público a uma imersão intensa e reflexiva sobre temas atuais como o papel das mulheres na história da ciência e da arte. Ao mesmo tempo, também chama atenção para o que é considerado verdadeiro ou falso.
A exposição
Com curadoria de Eder Chiodetto, a exposição exibe cerca de 30 obras inéditas, criadas com inteligência artificial. Giselle Beiguelman utiliza a IA para combinar referências históricas e estéticas de mulheres apagadas da história, relacionando-as a plantas proibidas ou demonizadas ao longo do tempo, como a beladona e a mandrágora. A exibição convida o público a refletir sobre figuras femininas que, ao desafiar normas, foram associadas a rituais e mitos de feitiçaria. “Busco não apenas resgatar essas mulheres e o seu trabalho, que foram esquecidos, mas também provocar uma reflexão crítica sobre como interpretamos e interagimos com a natureza,” explica Beiguelman.
Dividida em três seções — Antivenenos, Herbário das Esquecidas e Estudos das Venenosas — a mostra leva os visitantes a uma viagem entre realidade e imaginação, onde plantas marginalizadas ganham vida como complexas entidades visuais, e a IA recria retratos de naturalistas históricas, como Maria Bandeira e Maria Sybilla Merian. Para Beiguelman, o processo envolveu uma “negociação” com a IA para que as cientistas homenageadas fossem retratadas de maneira autêntica, superando a tendência da tecnologia de representar apenas mulheres jovens.
Débora Viana, gerente de Cultura do SESI-SP, destaca a importância dessa exposição: “A mostra Venenosas, Nocivas e Suspeitas é uma oportunidade para entender como a IA vem sendo utilizada por artistas e, ao mesmo tempo, uma chance para crianças e jovens conhecerem sobre plantas que o colonialismo demonizou e sobre mulheres importantes para a ciência e a arte.”
Quem é Giselle Beiguelman?
Giselle Beiguelman é artista e professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e de Design da Universidade de São Paulo (FAU-USP). Suas obras artísticas integram acervos de museus no Brasil e no exterior, como ZKM (Alemanha), Jewish Museum Berlin, MAC-USP, IMS e Pinacoteca de São Paulo.
Em seus projetos recentes, ela investiga a construção do imaginário colonialista das artes e das ciências com recursos de Inteligência Artificial. Das suas criações, destaca-se “Botannica Tirannica”, exposta no Brasil e no exterior, incluindo-se Bienal de Karachi (Paquistão), Museu Sartorio (Itália) e Koffler Arts (Toronto).
A artista também é coordenadora do Projeto Temático Fapesp Acervos Digitais e Pesquisa: arte, arquitetura, design e tecnologia. Por fim, já escreveu diversos livros, como “Políticas da imagem: vigilância e resistência na dadosfera” (UBU Editora, 202), e mais de uma centena de artigos sobre arte e cultura digital.
Mais informações
A exposição “Venenosas, Nocivas e Suspeitas”, de Giselle Beiguelman, acontece na galeria de fotos do Centro Cultural Fiesp. O local fica na Av. Paulista 1313, em frente ao metrô Trianon-Masp. A visitação vai de 6 de novembro de 2024 a 20 de abril de 2025.
A entrada é gratuita e livre para todos os públicos. O Fiesp fica aberto de terça a domingo, das 10h às 20h.
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