Feliz Ano-Novo!

POR LILIAN COELHO

Lula presidente em 2022?
Lula presidente em 2022? (Crédito: Ricardo Stuckert)

Foi dada a largada: 2022 já está aí e já apresenta, pelo menos, um candidato à presidência tido como certo: Luiz Inácio Lula da Silva, que voltou com fôlego voraz para a corrida às urnas – mesmo sem assumir. Nem poderia se declarar candidato agora, afinal, o que fazer com nomes alinhados ao PT como Boulos e Ciro Gomes, por exemplo?

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Em suas palavras, Lula voltou “jovem”. Em, pelo menos, uma hora e meia de discurso, fez política, daquele tipo que só quem tem o dom da oratória e carisma que ele tem é capaz de produzir. E Lula é bom nesse jogo de palavras que tem como foco não só o ‘cativo eleitor de esquerda’, mas os já insatisfeitos com a gestão Bolsonaro.

Na primeira meia hora, agradecimentos, que foram de Evo Morales ao Papa Francisco. Lula chamou de ‘injustiça’ o que viveu, mas disse não existir revolta com o que chamou de “chibatadas” que levou nesses anos. Afirmou ter sido vítima de “uma das maiores mentiras jurídicas dos últimos 500 anos”, mas sem qualquer tom de coitadismo.

Agradeceu ao ministro do STF Edson Fachin por cumprir algo que reivindica desde 2016. Vale lembrar que Fachin anulou as condenações do ex-presidente na Lava Jato, mas não decidiu se Lula é culpado ou inocente. O magistrado não entrou no mérito do processo, mas no momento de um pré-lançamento de campanha, a retórica é válida politicamente, diante de um Lula – agora – elegível. E foi usada ao extremo.

Bolsonaro vai encontrar pela frente um Lula com artilharia pesada, disposto a ser seu contraponto nos mínimos detalhes. A começar pelo combate à pandemia: Lula chegou de máscara no palco e, ao retirar, deixou claro que falava a uma distância segura das pessoas. Solidarizou-se com as vítimas da covid-19: “minha dor não é nada diante das pessoas que perderam um ente querido”, afirmou. Incentivou a vacina, enfatizando que “essa é a escolha entre a vida e a morte”.

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Fez críticas explícitas à figura do atual presidente e apontou fragilidades na condução da economia do país. Bem do “jeito Lula” de ser, falou de temas que vão do resultado do PIB à cerveja com churrasco. Afirmou que “as pessoas precisam de emprego, não de armas.”
E deu um recado ao mercado: “Não tenham medo de mim”.

Finalizando a coletiva, mostrou-se disposto a dialogar com alas políticas antes consideradas inimigas e não demonstrou ressentimento aos partidos que tiraram Dilma Rousseff do poder. “Vida que segue” é o novo estilo de fazer política. E parece que deu resultados.

Após o discurso, o deputado Rodrigo Maia (DEM) foi um dos primeiros parlamentares a deixar claro de que lado está. No Twitter, escreveu: “Você não precisa gostar do Lula para entender a diferença dele pra Bolsonaro. Um tem visão de país; o outro só enxerga o próprio umbigo. Um defende a vacina, a ciência, o SUS; o outro defende cloroquina e um tal spray israelense.”

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Lula voltou, mais renovado politicamente do que nunca e, ao que tudo indica, já estamos em 2022. Feliz Ano-Novo!

Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião da PERFIL.

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