O assassinato de Vladimir Herzog, um destacado jornalista, professor e dramaturgo, é amplamente reconhecido como um marco significativo na resistência contra a ditadura cívico-militar que vigorou no Brasil durante os anos 1960 e 1970. Herzog foi brutalmente torturado e morto em uma cela do Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (Doi-Codi) em 25 de outubro de 1975. A data é lembrada pela luta contínua pelos direitos humanos e pela democracia no país.
Inicialmente, o regime ditatorial tentou encobrir o assassinato, alegando que Herzog cometeu suicídio em sua cela. Um atestado de óbito foi forjado para sustentar essa narrativa. No entanto, essa versão foi contestada e desmascarada anos depois, levando em 1978 a uma condenação formal da União pelo assassinato do jornalista. Este evento levantou questões sobre a transparência e responsabilidade do governo, servindo de catalisador para movimentos democráticos.
Quem foi Vladimir Herzog?
Vladimir Herzog nasceu em 1937 na então Iugoslávia, correspondente à atual Croácia. Em busca de refúgio da perseguição nazista, sua família emigrou para o Brasil em 1942, onde ele posteriormente se naturalizou e adotou o nome Vladimir. Herzog dedicou-se ao jornalismo a partir de 1959, passando por veículos de comunicação de renome como a BBC em Londres, o jornal O Estado de São Paulo e a TV Cultura. Também exerceu a função de professor de telejornalismo em instituições como a Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) e a Escola de Comunicações e Artes da USP, onde influenciou uma geração de jornalistas.
Qual é a importância do Instituto Vladimir Herzog?
Nomeado em homenagem ao jornalista, o Instituto Vladimir Herzog tem a missão de promover a democracia, os direitos humanos e a liberdade de expressão no Brasil. O instituto desempenha um papel vital na conscientização e educação sobre questões relativas a direitos humanos. Além disso, concede anualmente um dos mais prestigiados prêmios de jornalismo do país, destacando trabalhos que contribuem para o fortalecimento dos valores democráticos.
Por que 25 de outubro é considerado o Dia Nacional da Democracia?
O assassinato de Herzog em 25 de outubro de 1975 não apenas iluminou os horrores do regime militar, mas também gerou um impulso renovado pela democracia, levando à criação de legislações que visam preservar a memória e a verdade. Recentemente, o Projeto de Lei 6.103/2023, proposto pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA), busca oficializar essa data como o Dia Nacional da Democracia, em homenagem à memória e ao sacrifício de Herzog. A proposta ainda aguarda tramitação nas comissões, mas já fomenta discussões importantes sobre como o país lida com seu passado autoritário.
O legado de Vladimir Herzog vai além da tragédia de seu falecimento. Ele continua a inspirar ações e movimentos em prol dos direitos civis e da justiça social no Brasil. Em 2024, a relevância de sua vida e morte ainda ressoa em eventos e homenagens, como exemplificado pela premiação da Empresa Brasileira de Comunicação na categoria de reportagem, que destaca os esforços coletivos para expor injustiças contemporâneas. A história de Herzog permanece um lembrete poderoso da importância do jornalismo livre e da resistência frente à opressão estatal.
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