Nesta quinta-feira (25), a Polícia Civil do Distrito Federal e a Polícia Civil de São Paulo realizaram, juntas, uma megaoperação para desmontar um grupo criminoso que era especializado em golpes cibernéticos.
A operação se deu em São Paulo, Santo André e São Bernardo do Campo. Os policiais cumpriram dez mandados de busca e apreensão, 12 de prisão, o bloqueio de 50 contas bancárias e derrubada de 540 sites fraudulentos. A polícia do Distrito Federal acusou em sua investigação, ao todo, 61 pessoas.
⏯️ Alvo de operação, chefe de quadrilha do falso leilão foge para os EUA.
Lucas Fernando Simões é apontado como mentor do esquema que fez diversas vítimas por meio da criação de sites falsos de leilões de carros.
Leia na coluna de @mirelle_ap & @carloscarone78:… pic.twitter.com/sm4lzYM77a
— Metrópoles (@Metropoles) April 25, 2024
O esquema dos sites falsos
De acordo com a polícia do DF, o esquema que foi desmantelado nesta manhã operava com o golpe do falso site de leilão de automóveis há pelo menos cinco anos. O grupo criminoso selecionava websites reais, de empresas conhecidas e confiáveis no ramo de leilão. Então, eles clonavam os sites e faziam upload de outros idênticos.
A única diferença, no entanto, era a extensão no endereço eletrônico. Ou seja, os sites verdadeiros eram terminados por “com.br”, e os criados pelos criminosos tinham a mesma aparência e nome, mas terminavam como “.net”.
Depois das clonagens, eles pagavam profissionais de marketing digital para impulsionar os endereços criados nos mecanismos de pesquisas. Sendo assim, quando alguém pesquisava pela empresa verdadeira, nos primeiros resultados da pesquisa eram os sites clonados que apareciam.
Nos endereços falsos havia, inclusive, telefones de contato, por meio dos quais as vítimas interagiam com os criminosos. Eles negociavam através de grupos do WhatsApp e as pessoas não entendiam que estavam levando um golpe até fazer os depósitos dos lances.
As vítimas, inclusive, recebiam notas de arrematação, mas o veículo nunca chegava. Quando percebiam a situação, já não tinham chances de entrar em contato com os golpistas, pois o número de telefone já havia sido bloqueado.
O grupo tinha uma sala alugada em um prédio comercial em Santo André, que foi alvo das buscas. De acordo com o delegado Erick Sallum, os criminosos iam ao escritório todos os dias, das 8h às 18h, operando como uma empresa.
“O que essa operação cabalmente demonstra é como a criminalidade moderna funciona, ou seja, às sombras sob o manto da anonimização digital. É essencial, portanto, que se compreenda a importância da atividade de Polícia Judiciária e se incremente o investimento em inteligência e capacitação técnica”, apontou.
Só na delegacia do Lago Norte de Brasília, que é responsável pela investigação, foram registradas dez ocorrências que somam mais de R$ 470 mil em prejuízos. Os policiais estimam que há centenas de outras vítimas em todo o país.
*texto sob supervisão de Tomaz Belluomini