A taxa de mortalidade dos filhotes pinguim-imperador do ano passado foi a mais alta registrada desde 2018. O fenômeno, que preocupa especialistas, está relacionado com o derretimento acelerado das geleiras, que impediu a reprodução bem-sucedida dos pinguins.
As informações são de um estudo publicado no Dia Mundial do Pinguim, em 25 de abril, pelarevista Antarctic Science. A pesquisa utilizou dados de satélite para analisar o impacto da quebra precoce do gelo marinho no ciclo reprodutivo das aves.
Os satélites Sentinel-2, fornecidos pelo programa Copernicus, voam pela mesma órbita em cima da costa antártica uma vez por semana desde 2018.
Riscos para os pinguins
Quando o gelo marinho que sustenta uma colônia se rompe antes de os filhotes atingirem o estágio inicial, ou seja, antes de desenvolverem penas impermeáveis, suas chances de sobrevivência são muito reduzidas. Isso leva a uma alta taxa de mortalidade entre os jovens pinguins que entram na água antes de poder voar.
Mesmo que permaneçam em um pedaço de gelo flutuante ou em um iceberg de parto, suas chances ainda são mínimas, já que seus pais lutam para localizá-los e alimentá-los.
De acordo com o estudo, o pinguim-imperador pode estar à beira da extinção se as emissões de gases de efeito estufa continuarem a aumentar no ritmo atual.
A análise publicada concluiu que 14 das 66 colônias de pinguins foram afetadas em 2023. No ano anterior, foram 19. Essas falhas reprodutivas são diretamente atribuíveis à perda sem precedentes de gelo marinho na região nos últimos anos, causada pelas mudanças climáticas.
Apesar dessas preocupações, Peter Fretwell, especialista do British Antarctic Survey (BAS), ressalta algumas notícias boas, como os sinais de adaptação nas colônias mais afetadas e a possível migração de aves para outras áreas. O pinguim-imperador, que atinge mais de um metro de altura, é a espécie de pinguim mais meridional e depende do gelo marinho durante a maior parte do ano, de abril a janeiro, quando criam e filhotes.