A minissérie “Inferno em La Palma” estreou recentemente na Netflix, rapidamente conquistando o público e se destacando como um dos programas mais assistidos da plataforma. O enredo gira em torno de uma família norueguesa que enfrenta uma catástrofe natural durante suas férias na ilha de La Palma, nas Ilhas Canárias. Essa narrativa instigante levanta questões sobre a possibilidade de um vulcão desencadear em um tsunami devastador.
Embora a série não seja baseada em fatos reais, traz à tona a existência do vulcão Cumbre Vieja, que entrou em erupção em 2021. Durante quase 100 dias, a atividade vulcânica transformou a paisagem da ilha, resultando na evacuação de milhares de habitantes e causando consideráveis danos materiais. Essa situação reavivou discussões sobre as consequências de tais erupções, especificamente a formação de tsunamis.
O vulcão e a possibilidade de tsunami
A conexão entre erupções vulcânicas e tsunamis pode parecer alarmante, mas especialistas afirmam que esses fenômenos não são necessariamente correlacionados. Para que um tsunami significativo seja gerado por uma erupção vulcânica, certas condições precisariam ser atendidas. A intensidade da erupção e o volume do deslizamento de terra desempenham papéis cruciais nesse cenário.
De acordo com o doutor Guilherme Lessa, sismólogo e professor na Universidade Federal da Bahia, ao Aventuras na História, o fenômeno de tsunami ocorre devido a uma onda de choque que se desloca na superfície do oceano, consequência de abalos sísmicos ou deslizamentos de terra. Para que ocorra após uma erupção, seria necessária uma atividade vulcânica explosiva, capaz de disparar grandes deslizamentos de terra na água.
A ideia de que uma erupção em La Palma poderia desencadear um tsunami tem sido tema de especulações por décadas. Estudos anteriores levantaram a hipótese de que um deslizamento massivo de terra poderia criar ondas de impacto significativo, no entanto, tal cenário é considerado improvável por cientistas.
Carlos Teixeira, pesquisador do Instituto de Ciências do Mar da UFC, explicou ao Aventuras na História que a quantidade de terra que poderia ser deslocada de La Palma é consideravelmente menor do que aquela prevista em estudos alarmistas. Geralmente, os deslizamentos na região não excedem 80 metros cúbicos, enquanto projeções hipotéticas sugeriram deslocamentos de até 500 metros cúbicos.