A cotação do dólar voltou a disparar nesta quinta-feira (28), aproximando-se da marca de R$ 6 em meio a reações negativas ao pacote fiscal anunciado pelo governo. A moeda americana era negociada a R$ 5,98 por volta das 10h30, com alta de 0,75%. Mais cedo, chegou a tocar R$ 5,99. No fechamento da quarta-feira (27), o dólar havia registrado R$ 5,91, o maior valor nominal da história.
Enquanto isso, o Ibovespa operava em baixa de 0,7%, com 126,7 mil pontos. A ausência das bolsas de Wall Street, fechadas devido ao feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos, contribuiu para um dia de menor liquidez nos mercados.
O que motivou a reação do mercado?
Nesta manhã, ministros do governo, incluindo Fernando Haddad (Fazenda), Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) e Rui Costa (Casa Civil), apresentaram detalhes do plano fiscal no Palácio do Planalto. As medidas, divulgadas na véspera, incluem a promessa de isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil, compromisso assumido na campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Haddad revelou que a isenção terá impacto fiscal de R$ 35 bilhões, valor inferior aos R$ 45 bilhões estimados pelo mercado. A mudança na tabela do IR, prevista para entrar em vigor em janeiro de 2026, ainda precisa de aprovação no Congresso.
Durante a apresentação, Haddad reiterou que a reforma tributária busca “neutralidade tributária“. Segundo ele, o objetivo não é aumentar ou reduzir a arrecadação, mas garantir eficiência e justiça no sistema fiscal.
“A reforma tributária não visa nem aumentar, nem diminuir a arrecadação, o objetivo da reforma tributária é buscar e eficiência e justiça tributária”, pontuou Haddad.
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Detalhes do pacote fiscal
O governo também detalhou ações voltadas ao ajuste das contas públicas, com expectativa de economizar R$ 70 bilhões nos próximos dois anos. Entre as principais medidas estão:
- Limitação do aumento real do salário mínimo ao teto de 2,5% acima da inflação;
- Correção do limite de acesso ao abono salarial até atingir 1,5 salário mínimo;
- Mudanças na aposentadoria militar, incluindo idade mínima para reserva e restrições às pensões;
- Fim dos “supersalários” com sujeição ao teto constitucional;
- Redirecionamento de emendas parlamentares para áreas como saúde;
- Aperfeiçoamento de mecanismos de controle para evitar fraudes no Benefício de Prestação Continuada (BPC).
As medidas precisam passar pelo Congresso, e Haddad manifestou confiança em uma aprovação ainda em 2024, mesmo com o calendário apertado.
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