AVENTURAS NA HISTÓRIA

Por que muitas estátuas romanas não têm cabeça?

A ausência desta parte tão importante foi alvo de teorias por parte dos estudiosos da civilização romana ao longo dos anos

Fotografia tirada em Chipre de estátua romana sem cabeça (Crédito: Wikimedia Commons)

O poderoso Império Romano deixou para trás um vasto legado cultural e artístico, incluindo diversas esculturas anatomicamente impressionantes de corpos humanos. Existem muitas estátuas, porém, que não possuem cabeça, justamente aquilo que lhes daria identidade.

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A ausência desta parte tão importante foi alvo de teorias por parte dos estudiosos da civilização romana ao longo dos anos. Algumas dessas esculturas, vale mencionar, podem ter simplesmente se partido com o passar do tempo, até pela cabeça ser uma estrutura relativamente frágil em relação ao restante do corpo, se tornando mais fácil de quebrar durante uma queda em potencial.

Existem, no entanto, uma série de outras explicações para como essas estátuas antigas perderam a cabeça, conforme repercutiu o New York Times em uma matéria deste ano. Confira!

Mutilações intencionais 

Nem todas as esculturas incompletas que temos nos museus ao redor do mundo são resultados de acidentes. Na verdade, é provável que muitas tenham sido destruídas de propósito.

Saqueadores de artefatos, por exemplo, ao mutilarem uma estátua na altura do pescoço, poderiam obter mais lucros de seus clientes por fazerem a venda das duas relíquias separadamente.

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A revolta contra obras de arte também é altamente simbólico, e documentado em diferentes sociedades. A fim de fazer um ataque ideológico contra um governante, grupos que buscavam derrubá-lo por vezes destruíam os monumentos construídos por esse líder — incluindo possíveis estátuas confeccionadas à sua imagem.

“Todas as culturas do mundo antigo parecem fazer isso. A cabeça é realmente poderosa e o dano à cabeça é visto como uma forma particularmente eficaz de danificar o poder, seja ele um governante, um deus ou mesmo apenas uma pessoa morta”, explicou a professora de arte antiga Rachel Kousser em entrevista ao New York Times.

Outra informação importante, que ajuda a contextualizar esses artefatos decapitados, é que os artesãos romanos, muitas vezes, baseavam as proporções do corpo de suas obras de arte em algum arquétipo pré-existente, de forma que a anatomia acabava padronizada.

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O rosto, por outro lado, era trabalhado de maneira particular a fim de que as estátuas fossem diferenciadas. Portanto, caso um imperador de Roma caísse, em vez de confeccionar do zero a estátua representando o governante seguinte, era possível simplesmente cortar a cabeça da anterior e substituí-la com uma de feições mais semelhantes às do líder político do momento.

Fotografia tirada em Chipre de estátua romana sem cabeça / Crédito: Wikimedia Commons

Quebra-cabeça arqueológico 

Um detalhe curioso é que, às vezes, os arqueólogos descobrem que cabeças e troncos encontrados separadamente vieram de uma mesma escultura. As probabilidades de um evento desses acontecer, no entanto, é baixa.

Também em declaração ao New York Times, Kenneth Lapatin, que trabalha como curador de antiguidades no Museu Jean Paul Getty (situado na cidade de Los Angeles), deu mais detalhes a respeito da questão:

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“Embora eu não tenha ideia das estatísticas precisas, hoje temos muito mais partes (cabeças sem corpo e corpos sem cabeça) do que estátuas completas. Isto fica claro em qualquer galeria de arte grega e romana”, comentou o especialista.

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