A escritora Heloísa Buarque de Hollanda foi eleita para a Academia Brasileira de Letras (ABL) e vai ocupar a cadeira 30, vaga desde a morte da escritora Nélida Piñon, em dezembro passado. A escritora e crítica cultural passa a ser a décima mulher eleita para a ABL.
A votação que elegeu a paulista com 34 dos 37 votos foi a primeira da Academia feita por urna eletrônica. O pintor e escritor Oscar Araripe teve 2 votos e houve um voto em branco.
“Esse atual projeto de abertura da Academia me fascina. E isso não é nem o começo. Tem que ter mulher, negro, índio. Porque são excelentes também. Isso é o Brasil, a democracia. Eu estou muito feliz de chegar nesse momento na Academia, com esse projeto de renovação, aos 84 anos”, destacou Heloísa, em nota da ABL.
A cadeira 30 tem como fundador o contista Pedro Rabelo, como patrono o jornalista e romancista Pardal Mallet, e teve como titulares o advogado Heráclito Graça, o médico Antônio Austregésilo e o ensaísta, filólogo e lexicógrafo Aurélio Buarque, além de Nélida Piñon.
Bem-vinda à ABL, Heloisa Buarque de Hollanda pic.twitter.com/nQWvYMnkJE
— Gilberto Gil (@gilbertogil) April 20, 2023
Feminista
Uma das principais vozes do feminismo brasileiro, considerada a maior intelectual pública do país, Heloísa Buarque de Hollanda é formada em letras clássicas pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio), com mestrado e doutorado em literatura brasileira na UFRJ e pós-doutorado em sociologia da cultura na Universidade de Columbia, em Nova York. É diretora do Programa Avançado de Cultura Contemporânea (PACC-Letras/UFRJ), onde coordena o Laboratório de Tecnologias Sociais, do projeto Universidade das Quebradas, e o Fórum M, espaço aberto para o debate sobre a questão da mulher na universidade.
A ABL destaca que livro 26 Poetas Hoje trazia a atmosfera coloquial e irreverente que marcaria a década de 1970, também chamada de geração mimeógrafo ou geração marginal. Eram poetas que estavam à margem do circuito das grandes editoras e que produziam seus livros de maneira artesanal, em casa, em pequenas tiragens vendidas em centros culturais, bares e nas portas dos cinemas. O livro foi uma resposta direta aos anos de chumbo e se tornou um clássico da poesia brasileira, referência incontornável para escritores e leitores de poesia.