Chegar ao topo do mundo é um sonho para poucos. No dia 23 de maio, a montanhista brasileira Aretha Duarte se tornou a primeira mulher negra latino-americana a alcançar o ponto mais alto da Terra: o Everest. A montanha, com 8.848 metros de altitude, fica na Cordilheira do Himalaia, na fronteira da China com o Nepal.
Lá do alto, Aretha viu coisas que ela gostaria de compartilhar e outras que ela gostaria de esquecer. “Cada dia de ascensão eu chegava num cenário especial, diferente e maravilhoso. E eu desejava que outras pessoas pudessem estar vendo aquilo também, porque era maravilhoso demais. Surreal. Ali é um ambiente de paz, que pode ser visitado por seres humanos que saibam respeitar aquele ambiente. O que eu não gostaria que outras pessoas vissem numa expedição como essa: pessoas que querem chegar ao topo a qualquer custo, muitas vezes desrespeitando outra pessoa, muitas vezes sendo arrogante e querendo ser superior a alguém”, conta.
Das seis pessoas da equipe, cinco chegaram ao topo. Foram 50 dias de escalada e Aretha quer levar o que aprendeu lá para incentivar outras mulheres a realizarem seus sonhos. “Ela tem condição de realizar. O que ela precisa é dar o próximo passo. Assim como na montanha, a gente não chega no topo. Nós chegamos ao campo base, campo um, campo dois, campo três, campo quatro, até chegar ao topo. Passo a passo. Nosso objetivo tem que ser simplesmente executar o próximo passo. As mulheres negras precisam saber disso. Elas não precisam ficar focadas só no sonho grande, mas no próximo passo”, diz.
Aretha Duarte tem 37 anos e cresceu na periferia de Campinas, interior de São Paulo. Ao terminar a faculdade de educação física, tornou-se a primeira pessoa da família com o diploma de ensino superior. O sonho de subir o Evereste custou cerca de R$ 400 mil e parte desse valor ela conseguiu recolhendo 130 toneladas de material reciclável.
Agora, ela se prepara para realizar dois sonhos, também na periferia. “Minha casa está sendo construída na periferia da cidade de Campinas, principalmente para dar um pouco de conforto a minha mãe, uma pernambucana que veio para São Paulo há 40 anos, e vejo que ela trabalha demais para ela e para a família. Quando decidi escalar o Evereste, a construção dessa casa ficou paralisada, porque são dois projetos muito grandes. E vou dar andamento aos projetos sociais, para construir centro de treinamento de escalada. Quem sabe a gente não dá sorte de encontrar um jovem que possa nos representar nas Olimpíadas?”, afirma.
Aretha é educadora física e foi a primeira da família a conquistar um diploma de ensino superior. Para conseguir dinheiro para realizar esse sonho, desde março de 2020, Aretha contou com a ajuda da família e de amigos para juntar materiais recicláveis. Aretha conversou com a reportagem direto de Katmandu, capital do Nepal. Ela volta ao Brasil na tarde desta quinta-feira.
Esportes Brasília 02/06/2021 – 18:18 Raquel Mariano/Edgard Matsuki Victor Ribeiro – Repórter da Rádio Nacional everest quarta-feira, 2 Junho, 2021 – 18:18 3:12
(Agência Brasil)