ARGENTINA

Alberto Fernández admite não ter conseguido “resolver o problema da pobreza”

De um dos pátios internos do Palácio do Governo, o chefe de Estado protagonizou um brinde no qual proferiu um último discurso breve. “Vou embora com a tranquilidade de ter colocado tudo o que precisava colocar para ajudar”, assegurou

Em um de seus últimos dias de mandato, o presidente Alberto Fernández se despediu nesta quarta-feira, 6 de dezembro, dos trabalhadores da Casa Rosada e admitiu seu "enorme pesar" por não ter conseguido "resolver o problema da pobreza".
(Créditos: perfil.com)

Em um de seus últimos dias de mandato, o presidente Alberto Fernández se despediu nesta quarta-feira, 6 de dezembro, dos trabalhadores da Casa Rosada e admitiu seu “enorme pesar” por não ter conseguido “resolver o problema da pobreza”.

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Rodeado por funcionários do palácio e posicionado em um pequeno pódio, fez uma avaliação de sua administração, na qual reconheceu não ter conseguido resolver “o problema da pobreza” e afirmou que parte com “a tranquilidade de ter feito tudo”.

De um dos pátios internos do Palácio do Governo, o chefe de Estado brindou em um breve discurso final. “Estou partindo com a tranquilidade de ter restaurado o salário dos trabalhadores do setor público, embora tenha um enorme pesar por não ter conseguido resolver o problema da pobreza”, expressou em seu último dia na Casa Rosada. Na quinta-feira, o mandatário que deixa o cargo viajará para a Cúpula do Mercosul no Rio de Janeiro.

Diante dos trabalhadores da UPCN reunidos em um dos terraços atrás de uma bandeira, destacou: “Mas os companheiros da ATE e da UPCN sabem que mantivemos aberta a negociação salarial para corrigir os salários dos que têm menos”.

“Não queria ir embora sem agradecer a todos. Foram quatro anos muito difíceis, tanto que por muito tempo não pudemos compartilhar os corredores porque a pandemia nos obrigou a trabalhar à distância, mas a todo momento estiveram lá, trabalharam, fizeram o que devemos fazer por este país, que é colocá-lo de pé”, começou em sua exposição que se estendeu por cinco minutos.

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“Herança” do governo

Em referência ao presidente eleito, Javier Milei, afirmou: “Estou partindo com a tranquilidade de ter feito tudo o que precisava para ajudar, com a tranquilidade de que estamos deixando um país funcionando. A pessoa que me sucede não precisa receber um país que no ano seguinte deve pagar 19 bilhões e no seguinte 18 bilhões, como aconteceu comigo”.

“Não precisa receber 10 pontos de desemprego; está recebendo a taxa mais baixa em muitos anos. A pessoa que me sucede receberá 7 mil novas obras públicas, verá que há 140 mil famílias sem problemas de moradia porque o Estado as ajudou, que há 95 mil obras em processo de construção, e encontrará universidades em andamento e melhoradas”, destacou.

Na mesma linha, continuou: “Uma saúde pública que encontrei fechada e debilitada com o sarampo circulando, a encontrará funcionando plenamente; um satélite a mais em órbita; a pessoa que me sucede descobrirá que, se a Covid voltar a aparecer, não terá que correr para ver quem vende a vacina, porque ela foi feita pelos cientistas argentinos”.

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“Amanhã será melhor”

“Estou partindo com a tranquilidade de nunca ter tomado uma decisão contra os que menos têm”, enfatizou Alberto Fernández diante do olhar atento da porta-voz presidencial, Gabriela Cerruti e dos secretários Julio Vitobello (da presidência) e Mercedes Marcó del Pont (Assuntos Estratégicos).

Com uma taça na mão, expressou: “Estou saindo pela mesma porta por onde entrei, no mesmo carro com o qual entrei, e estou indo para a mesma casa de onde saí”.

“Espero vê-los sempre, poder olhá-los nos olhos porque sabemos que trabalhamos pelo povo. Brindo pela felicidade de todos e para que o futuro seja melhor. Como diz o Flaco (Luis Alberto) Spinetta em ‘Cantata de puentes amarillos’: ‘Não me façam dizer que todo tempo passado é pior, amanhã será melhor'”, concluiu.

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Ao final, tirou fotos com os funcionários e se envolveu em um incidente com dois repórteres de rádio, que se aproximaram para fazer perguntas sobre o mandato, e após se recusar, lutou para avançar diante da insistência.

“Já dei umas 40 entrevistas, cara”, respondeu irritado diante do pedido de um dos jornalistas, enquanto os trabalhadores se aglomeravam para tirar fotos com ele e pedir saudações.

Em outro momento do discurso, destacou o trabalho de cada funcionário público, a quem considerou “tão injustamente maltratados”, e manifestou: “Agradeço a vocês porque foram a coluna que manteve o Estado em funcionamento. Pode-se dar ordens, mas se não tem quem execute, é muito difícil”.

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Itália e Espanha: o futuro de Alberto Fernández

Há alguns dias, Alberto Fernández já tem praticamente resolvida a mudança da Quinta de Olivos para o apartamento localizado em Puerto Madero de seu amigo pessoal e ex-secretário de Meios e Comunicação Pública, Enrique “Pepe” Albistur. Já seus mais de 600 livros estão lá, assim como a maioria de seus pertences, e ele está pronto para deixar a residência presidencial.

Apesar de sua parceira, Fabiola Yáñez, e seu filho, Francisco, já estarem em Madri desde sexta-feira, 1 de dezembro, o chefe de Estado não viajará imediatamente para a Espanha.

Segundo informações da Noticias Argentinas, em 18 de dezembro, ele visitará Turim, na Itália, onde será palestrante em uma conversa sobre mudança climática, a convite dos presidentes da França, Emmanuel Macron, e da Itália, Sergio Mattarella.

Lá, ele tentará coordenar agendas com o Papa Francisco para concretizar a reunião que teve que adiar há alguns dias. Depois, voará para a Espanha junto com seu cachorro Dylan, onde residirá com sua família, embora tenha descartado estabelecer-se permanentemente no continente europeu e deixou claro que voltará com frequência à Argentina.

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