A Anistia Internacional declarou nesta quarta-feira (4) ter “evidências suficientes para acreditar” que as ações de Israel durante a guerra em Gaza configuram genocídio contra o povo palestino. O governo israelense contestou as acusações de forma veemente.
No relatório de 296 páginas, a organização detalha os resultados de uma investigação de nove meses, apontando que Israel teria cometido três dos cinco atos proibidos pela Convenção das Nações Unidas sobre Genocídio. Entre eles, estão o assassinato em massa de civis, causando sérios danos físicos ou mentais e infligindo deliberadamente aos palestinos em Gaza condições de vida “calculadas para causar sua destruição física total ou parcial”.
Guerra ou genocídio: onde está a linha?
A secretária-geral da Anistia Internacional, Agnès Callamard, afirmou em comunicado: “Mês após mês, Israel tratou os palestinos em Gaza como um grupo subumano indigno de direitos humanos e dignidade, demonstrando sua intenção de destruí-los fisicamente”. A organização responsabiliza Israel por ataques aéreos e terrestres, deslocamento forçado em massa e obstrução à ajuda humanitária.
“Há apenas uma inferência razoável que pode ser tirada das evidências apresentadas: a intenção genocida tem sido parte integrante da conduta de Israel em Gaza desde 7 de outubro de 2023, incluindo sua campanha militar”, aponta o relatório da Anistia.
As Forças de Defesa de Israel (IDF) classificaram as alegações como “totalmente infundadas” e argumentaram que o relatório não considerou as “realidades operacionais” enfrentadas pelos soldados. “As alegações do relatório de genocídio e dano intencional não são apenas infundadas, mas também ignoram as violações do direito internacional pelo Hamas, incluindo o uso de civis como escudos humanos e seu ataque deliberado a civis israelenses”, declarou o órgão militar.
Contexto internacional amplia pressão
Israel justifica a guerra em Gaza como uma resposta aos ataques liderados pelo Hamas em 7 de outubro de 2023, quando 1.200 israelenses foram mortos e 251 sequestrados. Desde então, mais de 44 mil palestinos foram mortos, segundo o Ministério da Saúde Palestino.
A Human Rights Watch e um comitê especial da ONU também acusaram Israel de crimes de guerra, incluindo deslocamento forçado em massa e ataques a áreas civis. Em Rafah, em dezembro de 2023, um ataque a um edifício residencial matou 30 civis, incluindo Ayla Nasman, uma bebê de três meses, junto com sua mãe e avós.
“Isso é genocídio. Deve parar agora”, concluiu Callamard, apelando à comunidade internacional para agir com urgência.
Leia também: Em nova decisão, ONU discutirá a criação do Estado Palestino
Siga a gente no Google Notícias