
Um Acidente Vascular Cerebral (AVC) hemorrágico, seguido de um quadro de insuficiência cardíaca irreversível, causou a morte do papa Francisco na manhã desta segunda-feira (21), informou o Vaticano. Segundo a certidão médica, o pontífice sofreu um AVC cerebral, entrou em coma e teve um colapso cardiocirculatório às 7h35 no horário de Roma (2h35 em Brasília).
O boletim oficial aponta ainda que o quadro foi agravado por pneumonia bilateral, bronquiectasias múltiplas, hipertensão e diabetes tipo 2. A morte foi confirmada por um exame de eletrocardiograma. O atestado foi assinado pelo diretor do Departamento de Saúde e Higiene da Cidade do Vaticano, Andrea Arcangeli.
O neurocirurgião Victor Hugo Espíndola explica que “o AVC hemorrágico ocorre por um extravasamento de sangue para dentro do tecido cerebral. A principal causa é a hipertensão arterial, por um pico hipertensivo. Mas a gente tem outras causas, como os aneurismas cerebrais, as malformações arteriovenosas e a angiopatia amiloide, que é um tipo de AVC mais comum em idosos.”
Como o AVC pode atingir pacientes em recuperação?
O papa havia sido internado em 14 de fevereiro, com um quadro grave de pneumonia. Ficou 38 dias no hospital e recebeu alta recentemente. O neurocirurgião considera que a condição física do religioso pode ter contribuído para o agravamento do caso. “Não dá pra gente fazer uma relação direta de causa com isso. Mas, logicamente, é um senhor de idade, com 88 anos, que ficou muito tempo internado, em estado grave, com pneumonia severa. Isso tudo aumenta e leva a uma fragilidade do paciente”.
Espíndola lembra que a recuperação após longas internações costuma ser crítica em pacientes idosos. “A gente não sabe, por exemplo, como foi essa recuperação dele, como ficou a função renal dele após essa internação, como ficou a pressão arterial dele depois dessa internação. Isso tudo são fatores de risco que aumentam a chance de o paciente ter um AVC, seja isquêmico ou hemorrágico.”
Sinais de alerta são importantes. Segundo o especialista, no caso do AVC hemorrágico, o sintoma mais comum é a dor de cabeça intensa e repentina. “Quadros abruptos de dores de cabeça e, muitas vezes, pela gravidade, o paciente pode entrar em coma, ter crises convulsivas, sentir dor e ficar muito sonolento.”
Apesar da recuperação da infecção pulmonar, Espíndola destaca que o AVC foi, de fato, determinante para a morte. “Infelizmente, por uma fatalidade, no contexto de um idoso já frágil, ele foi acometido por um AVC. Se esse AVC não tivesse acontecido, provavelmente ele não teria falecido.”
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