Dearborn, uma cidade com cerca de 100 mil habitantes, localizada no estado de Michigan, desempenha um papel significativo nas eleições presidenciais dos Estados Unidos. Conhecida por abrigar a maior mesquita do país e o único museu árabe, Dearborn é um exemplo de diversidade cultural e possui uma comunidade árabe significativa, composta principalmente por descendentes de libaneses e palestinos. Essa característica única faz com que a cidade seja um ponto focal durante as campanhas eleitorais.
A presença robusta de imigrantes do Oriente Médio em Michigan, estimada em cerca de 300 mil descendentes, se estabeleceu ao longo das décadas, inicialmente atraída pelas oportunidades de trabalho nas indústrias automobilísticas da região. Essa população contribuinte e rica culturalmente possui uma força eleitoral que não pode ser subestimada pelos candidatos presidenciais.
Por que Dearborn é importante nas eleições?
Michigan é considerado um estado-chave que pode definir o resultado das eleições presidenciais americanas. Muitos estados têm tradições de voto bem estabelecidas, seja para o partido democrata ou republicano, mas Michigan é conhecido por ser um “swing state”, oscilando entre os dois principais partidos em diferentes eleições. Essa natureza volátil faz com que cada voto conte significativamente, tornando a comunidade árabe de Dearborn crucial para os cálculos eleitorais.
Nas eleições de 2016, Donald Trump venceu em Michigan por uma margem mínima de 10 mil votos; já em 2020, Joe Biden conseguiu 150 mil votos de diferença no estado. Com cerca de 200 mil eleitores muçulmanos registrados, Dearborn possui uma jurisdição onde a mudança no apoio político pode alterar drasticamente os resultados finais.
Quais são as preocupações dos eleitores da cidade?
A política externa dos Estados Unidos, especialmente sua relação com o Oriente Médio, é um ponto de preocupação para os eleitores de Dearborn. A comunidade árabe, que se identifica fortemente com suas raízes libanesas ou palestinas, expressa frequentemente frustração com as posturas adotadas pelos governos americanos sobre conflitos na região, como o apoio contínuo a Israel.
Líderes comunitários como Lubna Faraj enfatizam que a situação atual é mais sobre humanidade do que nacionalidade. Com as eleições se aproximando, essas questões tornam-se cruciais para determinar o candidato que ganhará o apoio deste segmento populacional significativo. “É difícil viver num país que é claramente contra as pessoas que você ama.”, declarou Zayn Faraj, filho de Lubna, ao g1.
You won’t see this in the media. Arab American leaders in Dearborn, Michigan endorsed VP Harris yesterday. #MuslimsforHarris #HarrisWalz2024 pic.twitter.com/Vg3XnmXTFJ
— Muslims for Harris (@Muslims_Harris) October 28, 2024
O futuro político e cultural da cidade
Enquanto muitos moradores da cidade ainda se identificam como democratas, o panorama pode mudar em 2024. Há um movimento crescente dentro da cidade para buscar alternativas, como a candidata do Partido Verde, Jill Stein, como forma de protesto contra o status quo. Essa decisão tem potencial de impactar adversamente os democratas, que historicamente contaram com o apoio dessa comunidade.
Além da política, a cultura e a culinária continuam sendo pilares que mantêm a conexão dos residentes de Dearborn com suas origens. A cozinha serve como um elo tangível, oferecendo um sentido de pertencimento digitalmente e localmente às famílias da diáspora. Para muitos, esse senso de identidade é um componente essencial do “sonho americano” que se vive em Dearborn.
Dearborn permanece uma cidade de importância estratégica não apenas eleitoralmente, mas também como um microcosmo das forças culturais e políticas que moldam os Estados Unidos contemporâneos. A cidade simboliza a luta contínua por identidade e representação em um cenário político dinâmico.