
Em fevereiro de 2025, um caso chocante de confinamento prolongado veio à tona na cidade de Waterbury, Connecticut. Um homem de 32 anos foi resgatado de uma situação de cativeiro em que viveu por duas décadas. Mantido em um quarto de apenas 6 metros quadrados, ele foi encontrado em condições de extrema desnutrição, pesando apenas 31 quilos.
O resgate ocorreu após o homem provocar um incêndio em sua residência, na esperança de ser libertado. Ele havia sido mantido preso por seu pai e madrasta desde os 12 anos, sem acesso a cuidados médicos ou educação formal. A revelação de sua situação chocou a comunidade local e levantou questões sobre o sistema de proteção infantil.
Como o homem conseguiu escapar do cativeiro?
Durante o transporte para o hospital, o homem revelou aos paramédicos que havia iniciado o incêndio como uma tentativa desesperada de escapar. Ele contou que, por mais de um ano, não tinha permissão para tomar banho e vivia em condições insalubres. Sua dieta era precária, consistindo ocasionalmente em um sanduíche, e seus dentes estavam em péssimo estado devido à falta de cuidados.
No hospital, ele compartilhou detalhes de sua vida em cativeiro, incluindo o fato de que era forçado a usar jornais para suas necessidades fisiológicas e a urinar pela janela. A viagem de ambulância foi a primeira vez que ele saiu de casa desde que foi retirado da escola na quarta série.
A comunidade de Waterbury ficou abalada com a revelação. Antes de seu desaparecimento, professores e vizinhos já suspeitavam que algo estava errado. Eles relataram preocupações ao Departamento de Crianças e Famílias de Connecticut, mas as investigações não encontraram evidências de abuso na época.
O diretor da escola primária que o menino frequentava lembrou-se de várias ocasiões em que o viu faminto e desarrumado. Apesar das tentativas de intervenção, as autoridades sempre concluíam que a criança estava bem, o que levou ao fim das denúncias.
O que aconteceu com os responsáveis?
A madrasta do homem, Kimberly Sullivan, foi indiciada por sequestro, agressão e outras acusações. Ela se declarou inocente, enquanto seu advogado atribuiu a responsabilidade ao pai biológico, que faleceu no ano anterior. A mãe biológica havia renunciado aos direitos parentais, deixando o pai como único responsável legal.
As irmãs do homem, que viviam na mesma casa, não foram acusadas de nenhum crime. A polícia não divulgou o nome do homem resgatado, protegendo sua identidade como vítima de abuso doméstico.
Como a situação poderia ter sido evitada?
O caso de Waterbury levanta questões sobre a eficácia dos sistemas de proteção infantil. Apesar das múltiplas denúncias, a falta de evidências concretas impediu ações mais contundentes. A história destaca a importância de uma investigação mais profunda e da colaboração entre escolas, comunidades e autoridades para proteger crianças vulneráveis.
Enquanto o homem se recupera em um centro médico, a comunidade de Waterbury reflete sobre como prevenir que situações semelhantes ocorram no futuro. A conscientização e a vigilância contínua são essenciais para garantir que sinais de abuso não sejam ignorados.
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