O Irã tem sido cenário de manifestações crescentes contra o rigoroso código de vestimenta islâmico, especialmente o uso do hijab. Estes atos de resistência ganharam destaque após um caso envolvendo a prisão e morte de Mahsa Amini, uma jovem curda iraniana, em setembro de 2022. Este evento catalisou um movimento significativo contra as medidas estritas do governo. Nesse sentido, neste sábado, 2, em uma universidade iraniana, uma jovem removeu suas roupas íntimas em um aparente ato de protesto contra o código de vestimenta islâmico.
Amir Mahjob, porta-voz da universidade, declarou no X que “na delegacia de polícia foi descoberto que ela estava sob forte pressão mental e tinha um transtorno mental”.
Com a mobilização geral das mulheres, alguns atos inusitados de protesto têm surgido. Um caso emblemático ocorreu na Universidade Islâmica Azad, onde uma jovem, cuja identidade permanece desconhecida, decidiu tirar suas roupas íntimas em um aparente ato de protesto. Este tipo de reação é interpretado por muitos como uma resposta direta à insistência do governo em implementar regras do hijab.
In Iran, a student harassed by her university’s morality police over her “improper” hijab didn’t back down. She turned her body into a protest, stripping to her underwear and marching through campus—defying a regime that constantly controls women’s bodies. Her act is a powerful… pic.twitter.com/76ekxSK7bI
— Masih Alinejad 🏳️ (@AlinejadMasih) November 2, 2024
O que motivou a manifestação na Universidade Islâmica Azad?
O incidente ocorrido na Universidade Islâmica Azad não foi um acontecimento isolado, mas parte de um movimento amplo contra as rigorosas diretrizes de vestimenta impostas pelo governo iraniano. A motivação por trás de tais manifestações é frequentemente atribuída à frustração crescente entre as mulheres iranianas. Elas expressam um desejo profundo de autodeterminação e liberdade pessoal, contrastando com as restrições que sentem serem impostas por um regime opressor e antiquado.
A disseminação de informações através das redes sociais tem sido crucial na divulgação de protestos como o da jovem na universidade. Quando o vídeo do protesto se espalhou, as reações foram imediatas. Muitos internautas enxergaram no ato uma forma de resistir à opressão, enquanto outros, incluindo representantes oficiais, classificaram a ação como reflexo de um distúrbio mental.
As redes sociais amplificam a voz dos manifestantes e permitem que suas mensagens alcancem uma audiência global. Isso tem gerado uma pressão adicional sobre o governo iraniano para reconsiderar suas políticas reacionárias.
Implicações dos protestos no Irã
A série de manifestações contra o código de vestimenta obrigatório no Irã representa um ponto crítico nas questões de direitos das mulheres no país. A rejeição pública do hijab é vista por muitos como um símbolo da luta mais ampla por liberdade e igualdade de gênero. Se o movimento continuar a crescer, pode pressionar o governo a revisar suas políticas e, possivelmente, iniciar reformas mais amplas sobre os direitos das mulheres.
Por ora, o destino da jovem envolvida no protesto na universidade permanece incerto. No entanto, a discussão em torno do seu gesto reflete um debate maior sobre liberdade individual e direitos civis no Irã, que não pode ser facilmente calado ou ignorado.
Vale ressaltar que os protestos no Irã têm ressonância fora das fronteiras do país, inspirando solidariedade global entre defensores dos direitos humanos e ativistas de gênero. São vistos como parte de uma tendência internacional mais ampla, onde as mulheres estão desafiando normas culturais opressoras e lutando por igualdade. A visibilidade e o apoio internacionais também criam uma pressão externa sobre o Irã, possivelmente contribuindo para um eventual diálogo sobre mudanças necessárias nas suas políticas internas.