Quase três décadas após serem condenados à prisão perpétua pelo assassinato dos pais, os irmãos Lyle e Erik Menendez comparecerão ao tribunal nesta segunda-feira (25). A audiência, marcada para as 10h30 no horário local, é vista como um passo crucial em sua tentativa de obter liberdade, após recomendação do promotor público de Los Angeles para que uma nova sentença seja aplicada.
Atualmente detidos em uma prisão na Califórnia, os irmãos poderão participar virtualmente ou de forma presencial. Será a primeira vez que aparecem em público desde 1996, quando enfrentaram o segundo julgamento pelo caso que chocou os Estados Unidos. Na época, foram condenados à prisão perpétua sem direito a liberdade condicional.
Limitações e argumentos no caso Menendez para revisão
O tribunal Superior de Los Angeles impôs medidas rigorosas para a audiência. Celulares serão lacrados e câmeras estão proibidas. Apenas 16 assentos foram reservados ao público, que terá acesso por sorteio realizado pouco antes do início.
Durante os dois julgamentos na década de 1990, os Menendez admitiram ter matado os pais, mas alegaram legítima defesa, justificando o ato como resultado de anos de abuso físico, emocional e sexual sofridos nas mãos do pai, Jose Menendez. Já os promotores argumentaram que os assassinatos foram planejados para que os irmãos herdassem o patrimônio milionário da família.
O caso foi revisitado em 2023, após uma série documental do Peacock revelar novos depoimentos, incluindo um de outra suposta vítima de abuso sexual por parte de Jose. Na mesma época, advogados dos irmãos apresentaram um pedido de habeas corpus com base nessas novas informações e em uma carta escrita por Erik antes dos assassinatos, mencionando os abusos.
Em outubro, o promotor público George Gascón recomendou ao tribunal que reavaliasse a sentença dos irmãos, argumentando que eles demonstraram notável recuperação. “Eles não só trabalharam em seu próprio autoaperfeiçoamento, mas também fizeram muito para melhorar a vida daqueles ao redor deles, o que é incomum”, declarou Gascón, que também enfatizou o tempo já cumprido pelos irmãos.
Relembrando o caso
Os assassinatos ocorreram em 1989, quando Jose, um executivo da RCA Records, e sua esposa Kitty Menendez foram mortos a tiros em sua casa em Beverly Hills. Na ocasião, Lyle, então com 21 anos, fez uma ligação de emergência relatando: “Alguém matou meus pais”.
Ambos os irmãos foram presos em março de 1990, acusados de assassinato em primeiro grau. Durante o julgamento inicial, que ocorreu em 1993, os advogados de defesa argumentaram que os irmãos viviam sob constante ameaça do pai, especialmente devido aos abusos sexuais que alegaram sofrer desde a infância.
Com os júris empatados no primeiro julgamento, um novo começou em 1995, mas desta vez, com um único júri. Segundo os advogados, muitas evidências sobre os abusos foram excluídas nessa segunda tentativa, levando à condenação por assassinato premeditado e à sentença de prisão perpétua.
Desde então, os Menendez têm se destacado como “prisioneiros-modelo“, participando de programas de impacto às vítimas, workshops e atividades de apoio social. Em 2018, após décadas em prisões separadas, os irmãos se reencontraram em uma unidade em San Diego.
A expectativa para a audiência desta segunda-feira é alta, com a possibilidade de os irmãos Menendez conseguirem uma nova sentença que permita sua liberdade após 34 anos de prisão.
Leia também: Irmãos Menendez: Lyle e Erik acreditam que vão sair da cadeia?