Um acordo de cessar-fogo entre Israel e o grupo libanês Hezbollah pode ser firmado nos próximos dias, mas ainda há divergências a serem resolvidas. Segundo o embaixador israelense nos Estados Unidos, Michael Herzog, a proposta prevê a interrupção dos ataques por dois meses e a retirada das tropas israelenses da fronteira sul do Líbano. No entanto, não há previsão para a formalização do acordo.
Em entrevista à rádio militar de Israel, Herzog afirmou que “embora ainda haja pontos a serem finalizados, o acordo poderia ser concluído nos próximos dias”. O conflito, iniciado em setembro, já deixou mais de 3.500 mortos no Líbano e ao menos 70 em Israel, incluindo soldados e civis.
Obstáculos ao acordo entre Israel e Hezbollah
A proposta em negociação inclui, além do cessar-fogo temporário, a retirada das forças israelenses do Líbano e a suspensão das operações do Hezbollah ao sul do rio Litani. O plano prevê o envio de tropas do exército libanês e o reforço da força de paz da ONU na área, além da criação de um comitê internacional para supervisionar a implementação do acordo e da Resolução 1701, de 2006, que encerrou a guerra entre Israel e Hezbollah.
Entre os pontos de desacordo estão o pedido israelense para que as armas do Hezbollah sejam removidas da área de fronteira, a permissão para que Israel retome ataques caso o grupo viole o cessar-fogo e a composição do comitê internacional de monitoramento. Inicialmente, Israel se opôs à inclusão da França, mas cedeu. O Líbano, por outro lado, rejeita a participação do Reino Unido.
Recentemente, o mediador norte-americano Amos Hochstein destacou “avanços significativos” nas negociações após encontros em Beirute e Tel Aviv, mas reconheceu que obstáculos ainda impedem a conclusão do acordo.
Intensificação dos ataques
Apesar dos esforços diplomáticos, os confrontos continuam. No domingo (24), bombardeios israelenses mataram ao menos 29 pessoas no centro de Beirute. Em resposta, o Hezbollah, apoiado pelo Irã, lançou 250 foguetes contra Israel.
O conflito, que começou após o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, gerou ampla destruição. No Líbano, um quarto da população foi forçada a deixar suas casas, enquanto Israel busca reassentar cidadãos que abandonaram a fronteira norte.
Enquanto isso, a oposição ao acordo cresce. O ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, pediu a continuidade da guerra até uma “vitória absoluta”. Em publicação na rede social X, ele apelou ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu: “Ainda dá tempo de impedir este acordo!”
Do lado libanês, o chefe do Hezbollah, Naim Qassem, afirmou que o grupo já analisou a proposta mediada pelos EUA e que a decisão final cabe agora a Israel.
A tensão permanece alta, com analistas temendo uma expansão do conflito para países como Síria e Iraque. A ONU alertou sobre a necessidade de um cessar-fogo imediato para evitar o agravamento da crise regional.
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