O porta-voz do exército israelense, Daniel Hagari, “confirmou” a autoria do ataque à Faixa de Gaza que matou três filhos do chefe do Hamas, Ismail Haniyeh. Em seu pronunciamento, Hagari descreve Amir, Hazem e Mohammad Haniyeh como operativos do braço armado do grupo.
Além dos filhos, pelo menos três netos de Haniyeh também acabaram como vítimas fatais do ataque com jatos de Israel. Segundo o comandante à Al Jazeera, eles estavam visitando familiares no campo de refugiados de Shati, no norte do enclave, para celebrar o Eid al-Fitr, feriado islâmico.
“Eles foram martirizados no campo de refugiados de Shati”, relatou ao veículo árabe. Haniyeh ainda citou como o ataque prejudica um possível acordo. “Para quem acha que atacar meus filhos durante as negociações e na iminência de um acordo vai forçar o Hamas a retirar suas demandas, é delirante”.
🔴 Em Doha, o chefe do Hamas, Ismail Haniyeh, recebe a notícia da morte de seus filhos e netos em Gaza. pic.twitter.com/PuPOJTHU7n
— Alerta Mundo (@AlertaMundo_) April 10, 2024
Hamas não tem o número de reféns suficiente
Nas discussões mais recentes para um acordo de cessar-fogo do conflito que entre em seu sétimos mês, o grupo terrorista mostrou indícios de não conseguir atender à demanda de Israel. No primeiro momento, o Hamas deveria liberar 40 reféns israelenses, incluindo todas as mulheres, enfermos e idosos. Porém, aparentemente, o grupo explicou que não possui o número de capturados que atendem aos critérios.
O país apresentou uma leniência, substituindo as categorias estabelecidas anteriormente por reféns homens, prioritariamente soldados israelenses raptados. É muito difícil rastrear e determinar quais dos reféns estão vivos ou mortos. De acordo com o gabinete do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, dos 129 raptados que ainda continuam sob o controle do Hamas, 33 estão mortos.
Quem é o chefe do Hamas?
Ismail Haniyeh nasceu em 1962, no vilarejo de Shati, após seus pais fugirem da cidade de Asqalan seguindo a criação do Estado de Israel, em 1948. Com 21 anos, o jovem se afiliou ao Bloco Estudantil Islâmico, considerado o precursor do Hamas.
Haniyeh se formou em 1987, ano da primeira rebelião palestina contra a autoridade de Israel, em um evento conhecido como Primeira Intifada, que levou à criação oficial do Hamas. Logo no ano seguinte, ele foi preso por seis meses, estendendo a sentença por três anos, acusado de envolvimento com o grupo extremista. Após ser solto, foi deportado para o Líbano.
Na Segunda Intifada, a primeira de Haniyeh, ele se consolidou com uma personalidade importante dentro do grupo. Em 2003, também conseguiu escapar de uma tentativa de assassinato conduzida por Israel.
Ele teve um breve mandato como primeiro-ministro da Autoridade Palestina, mas, quando o Hamas tomou o controle da Faixa de Gaza, o presidente da AP, Mahmoud Abbas, o exonerou. Em 2017, foi eleito chefe do escritório político do grupo, se mudando para o Catar.