Joseph Biden e América Latina

*Por Mariana Aparicio Ramírez – Coordenadora do Observatório Binacional de Relações Estados Unidos-México, FCPyS UNAM

Joseph Biden e América Latina
No primeiro ano do governo Biden, com a política de “autonomia estratégica”, foram aplicadas restrições à exportação de mercadorias (Crédito: Mark Makela/Getty Images)

20 de janeiro de 2022 marcou o aniversário de um ano do governo de Joseph Biden na frente do governo dos Estados Unidos. Desde sua chegada, ele lançou sua proposta de agenda governamental durante sua campanha em vários campos, tanto na política interna quanto na externa.

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Internamente, destaca-se a reativação da economia e do comércio. Em sintonia com a gestão da crise sanitária decorrente da Covid-19, foi aplicado um plano de resgate às famílias americanas de 1,9 trilhão de dólares; foi alcançada a aprovação do plano de infraestrutura de um trilhão de dólares; Foram criados 6,4 milhões de empregos, baixando a taxa de desemprego de 6,3% para 3,9%.

A economia tem mostrado progressos positivos na sua recuperação, o que também tem tido efeitos positivos nos seus principais parceiros comerciais. No entanto, os críticos de seu plano de resgate estavam certos sobre os riscos do pacote de estímulo aplicado, a inflação na economia aumentou de 1,4% em 2020 para 7% em 2021.

Outra variável relevante para a melhora econômica nesse período foi a implementação da política comercial. A pandemia trouxe consigo uma mudança na correlação de forças no nível comercial e na política internacional. No primeiro ano do governo Biden, com a política de “autonomia estratégica”, foram aplicadas restrições à exportação de mercadorias, foram estabelecidas reduções tarifárias justificando a liberalização das importações para obtenção de insumos necessários ao enfrentamento da pandemia, patentes inicialmente protegidas dos países desenvolvidos vacinas, tudo no âmbito da segurança nacional. O resultado foi uma fragmentação dos mercados da cadeia de abastecimento, juntamente com excessos nos preços dos bens que continuam a ser reconfigurados a nível internacional.

Atualmente, o acesso aos bens necessários para enfrentar a variante Ômicron foi modificado. A aplicação da diplomacia vacinal tornou-se evidente como parte da estratégia comercial e de política externa dos Estados Unidos e de outros países como Brasil, China, da União Europeia, Rússia, bem como o livre comércio de insumos, insumos médicos e vacinas internacionalmente. Somente no caso da América Latina, a região foi beneficiada com 735,9 milhões de doses, das quais 71,8% foram obtidas por meio de acordos/compras bilaterais, os 28,2% restantes foram obtidos pelo programa Covax com 6%, doações diretas 4,1% e abastecimento doméstico 16,9%, segundo dados da OMC, em novembro de 2021.

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Por meio do programa Covax, que visa proporcionar acesso justo e equitativo a vacinas no mundo, o governo Biden estabeleceu a entrega de 80 milhões de vacinas por meio desse quadro de cooperação, além do apoio econômico que atribuiu. Embora esteja estabelecido que serão entregues nas regiões da América Latina, Sudeste Asiático e África, a prioridade será a entrega na América Latina, Canadá e México.

A América Latina não está entre os principais países produtores e exportadores de vacinas finais – territórios onde as vacinas são fabricadas ou envasadas e finalizadas –, portanto, o acesso ao abastecimento regional é fundamental. Países como Argentina, Brasil e México se destacam pela produção de substância ativa e embalagens de vacinas que posteriormente são distribuídas por toda a região. No momento, discute-se que a região seja distribuidora de lotes para a América Latina, América Central e Caribe, a fim de aumentar a cobertura de proteção contra diversas variantes da covid-19, já que, como destacou em entrevista Em dezembro de 2021 para a CNBC Dr. Ngozi Okonjo-Iweala, diretor geral da OMC, a variante Ômicron destacou a desigualdade de acesso a vacinas no mundo.

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Perfil Brasil.

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*Texto publicado originalmente no site Perfil Argentina.

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