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Lula após encontro com Biden: Brasil volta ao cenário internacional

Published 10/02/2023
Lula após encontro com Biden: Brasil volta ao cenário internacional

Presidentes do Brasil e EUA se encontraram na Casa Branca no final da tarde desta sexta-feira (10) (Crédito: Anna Moneymaker/ Getty Images)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente norte-americano Joe Biden se encontraram nesta sexta-feira (10) na Casa Branca.

Ainda antes da reunião privada, os representantes falaram com a imprensa do lado de fora da residência presidencial em defesa da democracia e atentaram para a importância de uma parceria entre os dois países no combate às mudanças climáticas.

Lula falou sobre os episódios antidemocráticos que marcaram as eleições dos dois presidentes, a invasão do capitólio e a depredação dos prédios dos Três Poderes. “Nós agora temos alguns problemas para trabalharmos juntos. Primeiro, nunca mais permitir que haja um novo capítulo do Capitólio. E que nunca mais haja o que aconteceu no Brasil, com a invasão do Congresso Nacional, do palácio do Presidente e da Suprema Corte”, afirmou o presidente brasileiro. Ele também relembrou e agradeceu o “reconhecimento” de sua vitória nas eleições por Biden.

Ambos os presidentes ressaltaram a necessidade da preservação da Amazônia. “Cuidar da Amazônia hoje é cuidar do planeta Terra. E cuidar do planeta Terra é cuidar da nossa sobrevivência. Por isso, todos nós temos a obrigação de deixar para os nossos filhos e netos um mundo melhor do que o recebemos dos nossos pais”, disse Lula.

O representante do executivo brasileiro também chamou a atenção para a necessidade de uma aliança entre os países contra o aquecimento global. Lula disse que “se não tiver uma governança global forte, que tome decisões que todos os países sejam obrigados a cumprir, não vai dar certo”.

Em seu momento de falar, Biden também ressaltou a defesa da democracia e o simbolismo das duas maiores democracias do hemisfério juntas “rejeitando a violência política e defendendo os valores das nossas instituições democráticas”. Ele falou ainda em defesa dos direitos humanos e do estado democrático de direito.

O presidente americano também fez referência ao aquecimento global. “Nossos valores compartilhados e os fortes laços entre os nossos povos tornam o Brasil e os EUA parceiros naturais para enfrentarem os grandes desafios atuais, globais, mas especialmente a mudança climática“, declarou.

O encontro também foi importante para debater temas como a desigualdade racial e até mesmo a guerra na Ucrânia. Ele marca uma reaproximação dos países depois do contato ter sido cessado entre Biden e o ex-presidente Jair Bolsonaro, algo que Lula fez questão de ressaltar em diversos momentos de suas falas.

A CHEGADA

Lula e a primeira-dama Janja foram recebidos por Joe Biden. A primeira-dama americana, Jill Biden, não esteve presente devido a um mal estar, portanto não pode tomar chá com a esposa do presidente brasileiro enquanto ele se encontrava com os representantes do governo americano junto do ministro das Relações Exteriores brasileiro, Mauro Vieira, e o assessor especial da Presidência, Celso Amorim.

As autoridades americanas que marcaram presença foram Antony Blinken, secretário de Estado; Janet Yellen, secretária do Tesouro; Lloyd Austin, secretário de Defesa; Deb Haaland, secretária do Interior; Gina Raimondo, secretária do Comércio; Jake Sullivan, conselheiro de Segurança Nacional; Elizabeth Bagley, embaixadora dos EUA no Brasil; John Kerry, enviado especial presidencial para o Clima; Chris Dodd, enviado especial presidencial para as Américas; Juan Gonzalez, diretor sênior para o Hemisfério Ocidental do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca

FALA DE LULA APÓS A REUNIÃO

Após a reunião com Biden, Lula disse estar feliz com a conversa e por ter pautado questões como a democracia, igualdade social, igualdade racial, energia limpa e clima.

O presidente brasileiro falou sobre o Fundo Amazônia e a participação dos Estados Unidos no movimento. “Eu senti muita vontade do presidente Biden de participar da construção de um fundo com todos os países desenvolvidos do mundo para que a gente possa tentar cuidar melhor do nosso planeta”, declarou. No início, ele disse não ter certeza se Biden pretende investir no fundo, mas, mais tarde, afirmou que é uma aplicação certa e necessária.

Lula ressaltou que o posicionamento do Brasil será mais duro em relação aos extratores ilegais, mas que não quer fazer da Amazônia um “santuário da humanidade”.  Lula disse que quer “compartilhar com a ciência do mundo inteiro um estudo profundo sobre a necessidade da manutenção da Amazônia. Extrair da riqueza da biodiversidade da Amazônia algo que possa significar a melhoria da qualidade de vida das pessoas que moram lá. […] Fazendo isso, a gente vai estar garantindo que haja uma maior seguridade com relação ao planeta.”

Ele também comentou sobre a criação de um grupo de paz em relação à guerra na Ucrânia. Segundo ele, Biden tem as mesmas preocupações e que “a primeira coisa é terminar a guerra; depois, é negociar o que vai acontecer com o futuro.” Lula ressaltou que já defendeu a ação antes, na reunião com Olaf Scholz e em contato com Emmanuel Macron.

O presidente foi perguntado sobre a questão do aborto no Brasil, mas afirmou se tratar de um assunto para o Congresso Nacional, não para o presidente.

 

*Texto de Beatriz Moreno, com supervisão de Lilian Coelho

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