
O escritor Mario Vargas Llosa, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura e nome central do boom latino-americano, morreu no domingo (13) aos 89 anos, em Lima, capital do Peru, cercado por familiares. A morte foi comunicada por seu filho, Álvaro Vargas Llosa, que afirmou na rede X que o pai partiu “em paz“.
Com uma carreira literária que atravessou mais de cinco décadas, Vargas Llosa foi autor de romances marcantes como “Tia Julia e o Roteirista”, “Morte nos Andes” e “A Guerra do Fim do Mundo”. Ele recebeu o Nobel em 2010, reconhecimento máximo de uma trajetória que uniu técnica narrativa apurada e crítica social.
Con profundo dolor, hacemos público que nuestro padre, Mario Vargas Llosa, ha fallecido hoy en Lima, rodeado de su familia y en paz. @morganavll pic.twitter.com/mkFEanxEjA
— Álvaro Vargas Llosa (@AlvaroVargasLl) April 14, 2025
Reconhecimento e controvérsia
Ainda jovem, Vargas Llosa rompeu com o ideário socialista que influenciava parte da intelectualidade latino-americana. Sua guinada ao pensamento liberal o afastou de colegas de geração e lhe rendeu críticas da esquerda regional.
Em 1990, ele disputou a Presidência do Peru, alegando que era preciso salvar o país da crise econômica e da violência provocada por grupos armados de inspiração marxista. Foi derrotado no segundo turno por Alberto Fujimori, então um desconhecido da política. Fujimori assumiu o poder, combateu os insurgentes, mas acabou preso anos depois por corrupção e violações de direitos humanos.
Após a derrota eleitoral, Vargas Llosa se mudou para a Espanha. Mesmo à distância, manteve voz ativa nos debates latino-americanos, com críticas ao populismo de esquerda e a figuras como o ex-presidente venezuelano Hugo Chávez.
Por que Vargas Llosa marcou a literatura?
A produção do autor combinou experimentação formal com profundidade temática. Seus livros transitam por diferentes gêneros e estilos. Em “A Festa do Bode”, de 2000, ele narra a tirania de Rafael Trujillo, ditador da República Dominicana. Já “A Guerra do Fim do Mundo”, de 1981, revisita a tragédia de Canudos, no sertão baiano, sob a liderança messiânica de Antônio Conselheiro.
Com narrativas que alternam pontos de vista, saltam no tempo e inovam na construção de personagens, Vargas Llosa transformou o romance em espaço de experimentação e crítica.
A presidente do Peru, Dina Boluarte, homenageou o autor: “Seu gênio intelectual e sua vastíssima obra permanecerão como legado eterno para as gerações futuras”, escreveu no X, referindo-se a ele como “ilustre peruano de todos os tempos”.
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