A Sociedade Neozelandesa para a Prevenção da Crueldade contra os Animais (SPCA) expressou repúdio à competição de Caça de North Canterbury, na Nova Zelândia, que desafiava menores de 14 anos a caçarem os chamados gatos ferais.
Segundo a revista Galileu, a competição é um evento comunitário que tem como objetivo arrecadar fundos para a escola rural Rotherham School e para a piscina local. Após a revolta do público, a categoria de caça foi cancelada. O anúncio que convocava os jovens caçadores a participarem da competição também foi removido. O evento atraiu mais de 900 participantes em 2022.
Este ano, os caçadores mirins teriam até o final de junho para caçar o máximo de gatos ferais que pudessem. Quem matasse mais animais, ganharia US$250 (cerca de R$ 1,2 mil) e concorreria a um prêmio de US$ 4,6 mil (R$ 22,6 mil) em motos do tipo dirt bike.
Gatos Ferais
Também de acordo com a Galileu, os gatos ferais que seriam alvo da competição são da raça Felis catus, a mesma dos gatos domésticos. A única diferença entre os animais domesticados e os ferais, é que os ferais nasceram e cresceram longe de um lar e se adaptaram à vida selvagem. Eles são animais que caçam para comer, se reproduzem na natureza e não dependem de humanos.
A Sociedade Neozelandesa para a Prevenção da Crueldade contra os Animais afirmou reconhecer que “gatos ferais são considerados uma praga sob a legislação da Nova Zelândia” e que “a necessidade de agir nas preocupações ecológicas e de conservação onde é provável ter predação é um problema sério”. “Nossa organização se opõe a métodos de matar gatos ferais que não resultam em mortes humanizadas”, completou.
A SPCA também apontou que, normalmente, são usados rifles de ar comprimido nos em eventos de caça como o de North Canterbury, que aumentam a probabilidade de dor e sofrimento na morte prolongada dos animais.
O líder da equipe de inspeção da SPCA, Sam Cairns, contou ao jornal New Zealand Herald que casos de gatos baleados não são incomuns. Ele deu o exemplo mais recente, que havia ocorrido no dia anterior. “Recebemos um gato de North Canterbury sob nossos cuidados com um ferimento de projétil de rifle de ar comprimido. Ele faleceu de sepse e parecia ser um gato com dono”, relatou Cairns.
A morte deste felino está sendo investigada pela organização, pois seria fruto de uma violação da Lei de Bem-Estar Animal. “São situações muito tristes, causando uma morte dolorosa para o gato e angústia para quem perdeu um animal de estimação”, afirmou Cairns.
Declaração
Em contraparte, os organizadores da competição declararam, por meio de uma postagem no Facebook, que críticos do evento e pessoas revoltadas com a caça aos gatos enviaram uma série de e-mails e mensagens repudiando a competição para a Rotherham School e envolvidos.
Além disso, os organizadores disseram que começaram a buscar “conselhos e orientações sobre as próximas etapas” da competição, que ainda segue com inscrições abertas para todas as outras categorias.
“Para esclarecer, para todas as categorias de caça, nossos caçadores são obrigados a cumprir a lei de armas de fogo de 1983 e futuras emendas, bem como a Lei de Bem-estar Animal de 1999”, argumentou o grupo.
“Lembre-se de que somos um grupo de voluntários que está tentando arrecadar dinheiro para nossa escola e piscina local. Este esforço de angariação de fundos é fundamental para ajudar a escola local a contratar um terceiro professor financiado pelo conselho e dá à nossa comunidade local e às crianças maiores oportunidades”, finalizaram os organizadores.