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Organização da Copa: ‘400 a 500’ operários morreram em obras

Published 29/11/2022
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Meios oficiais divulgavam 40 mortes até esta semana (Crédito: Agência Brasil)

O secretário-geral do Comitê Supremo de Entrega e Legado do Catar, Hassan Al-Thawadi, afirmou que “entre 400 e 500” operários morreram em construções para a Copa do Mundo de 2022.

De acordo com a apuração da Folha, a declaração foi dada em entrevista ao jornalista britânico Piers Morgan nesta terça-feira (29).

O número revelado por Al-Thawadi é significativamente maior do que o até então declarado. “A estimativa é de cerca de 400, entre 400 e 500“, disse. “Não tenho o número exato. Isso é algo que tem sido discutido.

O valor total foi de cerca US$ 200 bilhões (R$ 1,06 trilhão) em estádios, linhas de metrô e outras necessidades de infraestrutura.

Declarações da Fifa e do comitê organizador eram de que, até esta semana, a construção da Copa teria custado ainda a morte de 40 pessoas, sendo apenas três delas diretamente nas obras.

Antes da entrevista ao jornalista Morgan, um comunicado havia sido publicado pelo Comitê Supremo do Catar onde se lia: “Houve três mortes relacionadas ao trabalho e 37 mortes não relacionadas ao trabalho ligadas aos oito estádios, 17 instalações não competitivas e outros locais relacionados sob o escopo do torneio“.

Citações separadas referentes aos números se referem às estatísticas nacionais que cobrem o período de 2014-2020 para todas as mortes relacionadas ao trabalho (414) em todo o país no Qatar, abrangendo todos os setores e nacionalidades“, dizia ainda.

Em julho, em visita à Holanda, Al-Thawadi havia dito que os operários que morreram nas obras da Copa do Catar não passaram de três e ainda completou dizendo que as notícias sobre as más condições de trabalho eram “uma armação“, divulgadas pela mídia ocidental. Agora, o discurso do secretário-geral a Morgan foi de que “uma morte é uma morte demais, pura e simplesmente“.

Mesmo com a admissão de 400 a 500 mortes, o The Guardian publicou uma estimativa muito maior do que a apontada pelos meios oficiais. O jornal publicou que cerca de 6.500 operários teriam morrido nas construções. Enquanto isso, a Anistia Internacional sempre manteve sua estimativa em “centenas, talvez até mais“.

Depois de pressão do jornalista, Hassan Al-Thawadi reconheceu que as condições de trabalho catarianas eram precárias mas que foram modificadas e hoje atendem às exigidas pelos órgãos internacionais de direitos humanos.

A Anistia Internacional divulgou em junho um relatório que pedia que a Fifa e o Catar indenizassem as trabalhadores envolvidos na produção da infraestrutura para a Copa do Mundo de 2022. Não era estabelecido um valor definitivo, mas defendia que a Fifa reservasse pelo menos US$ 440 milhões (R$ 2,1 bilhões) para as indenizações.

O texto de 60 páginas falava sobre o atraso ou não pagamento de salários aos trabalhadores, desrespeitos humanitários e o não cumprimento de responsabilidades pelo Catar e pela Fifa aos trabalhadores.

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