O procurador-geral do governo da Líbia, Al-Siddiq Al-Sour, ordenou hoje (25) a prisão de oito funcionários – atuais e antigos – enquanto conduz a investigação sobre a recente catástrofe da enchente que matou milhares de pessoas no país.
Segundo informações da emissora Al Jazeera, duas barragens próximas à cidade de Derna colapsaram em setembro, lançando uma “parede de água” de vários metros de altura sobre o município. Mais de 3.800 habitantes morreram no desastre, e grupos de apoio internacional contabilizaram o desaparecimento de 10 mil pessoas ou mais.
As barragens romperam no dia 11 devido à sobrecarga provocada pela tempestade Daniel, que causou chuvas intensas no leste da Líbia. A falha nas estruturas inundou cerca de 25% da cidade, destruindo bairros inteiros e arrastando pessoas até o mar.
A declaração dada pelo gabinete do procurador-geral disse que sete antigos e atuais funcionários da Autoridade de Recursos Hídricos e da Autoridade de Gestão de Barragens foram questionados no domingo (24) sobre alegações de que fatores como má gestão, negligência e erros teriam contribuído para o desastre.
O prefeito de Derna, Abdulmenam al-Ghaithi, que foi demitido após a enchente, também foi questionado.
Os oito atuais e ex-funcionários não forneceram provas suficientes para poupá-los de eventuais acusações. Por isso, procuradores determinaram que todos fossem presos preventivamente, enquanto a investigação não é concluída. De acordo com o procurador-geral, outros oito funcionários serão convocados para depor.
Foco
Na semana passada, Al-Sour informou que as duas barragens que romperam estavam “rachadas” desde 1998. A restauração iniciada por uma empresa turca em 2010 foi suspensa em alguns meses, com a “explosão” das revoltas na Líbia em 2011. O trabalho nunca foi retomado.
Ainda de acordo com o gabinete do procurador-geral, o foco da investigação será um contrato de manutenção de barragens firmado entre a empresa turca e o departamento de águas da Líbia.