
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, subiu ao púlpito do Congresso nesta terça-feira (4) para seu primeiro discurso anual do Estado da União desde o início de seu novo mandato. Enquanto os republicanos o aplaudiam, opositores protestavam segurando cartazes com frases como “Salvem o Medicaid“, “Musk rouba” e “Protejam os veteranos“.
Durante 1 hora e 40 minutos, o presidente fez um balanço das seis semanas de governo, destacando medidas já implementadas. Entre elas, citou o aumento das deportações, a decisão de renomear o Golfo do México para Golfo da América, a saída dos Estados Unidos da Organização Mundial da Saúde e a revogação de regulações ambientais aprovadas pela administração anterior.
Trump também anunciou novas diretrizes econômicas, incluindo tarifas recíprocas a partir de abril e incentivos à indústria naval do país. Na política internacional, mencionou uma carta enviada por Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, manifestando interesse em retomar as negociações sobre exploração de minerais terras raras. O tom amistoso marcou uma mudança no relacionamento entre os dois líderes, que haviam protagonizado uma troca pública de farpas poucos dias antes.
Trump adota tom combativo e faz promessas ambiciosas
O evento, que reuniu congressistas, juízes da Suprema Corte, militares e membros do gabinete presidencial, teve momentos de tensão. Após gritar contra Trump, o deputado democrata Al Green, do Texas, foi retirado do plenário por ordem do presidente da Câmara, Mike Johnson.
O republicano adotou uma postura agressiva ao atacar a gestão de Joe Biden, a quem chamou de “pior presidente da história dos EUA“. Também direcionou críticas à senadora Elizabeth Warren e à ex-líder democrata Stacey Abrams. Retomando propostas controversas, mencionou o desejo de reaver o controle do Canal do Panamá e de incorporar a Groenlândia ao território americano.
Trump reforçou sua oposição a políticas de diversidade, alegando que seu governo erradicou a “tirania” da inclusão. “Nós acabamos com a tirania da chamada política de diversidade, equidade e inclusão de todo o governo federal. Nosso país não será mais ‘woke’“, afirmou.
Elon Musk e a promessa de levar os EUA a Marte
Outro destaque do discurso foi a presença de Elon Musk nas galerias do Capitólio. Trump fez questão de enaltecer o bilionário, que atualmente lidera o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês). Sob sua gestão, a agência vem promovendo cortes na estrutura federal, reduzindo servidores e acumulando dados governamentais sensíveis, o que gerou ações judiciais.
Em um aceno direto a Musk, Trump mencionou um ambicioso plano espacial: colocar “a bandeira americana em Marte”.
Tarifas e medidas protecionistas
O republicano reafirmou seu compromisso com a política comercial protecionista, afirmando que os EUA foram explorados por outros países ao longo das décadas. “Nós fomos roubados por décadas por todos os países da face da Terra, e não vamos deixar isso acontecer mais“, disse.
O Brasil foi citado como um dos países que aplicam tarifas “injustas” sobre os produtos americanos. “Em média, a União Europeia, China, Brasil, Índia, México, Canadá e inúmeras outras nações nos cobram tarifas muito mais altas do que cobramos deles, o que é extremamente injusto”, afirmou.
Na última segunda-feira (4), o governo anunciou tarifas de 25% sobre importações do México e do Canadá. Agora, Trump declarou que ampliará a medida para todas as nações a partir de abril. “No dia 2 de abril, entram em vigor tarifas recíprocas, e qualquer tarifa que nos impuserem, nós também imporemos a eles… qualquer imposto que nos cobrarem, nós os taxaremos. Se usarem barreiras não monetárias para nos manter fora de seus mercados, então usaremos barreiras não monetárias para mantê-los fora do nosso mercado“.
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