A Ilha Sentinela do Norte, localizada no arquipélago de Andaman e Nicobar, é uma das regiões mais enigmáticas e inacessíveis do mundo. Com uma área comparável à de Manhattan, essa ilha é habitada pela tribo Sentinelese, conhecida por sua reclusão e resistência ao contato externo. As leis indianas proíbem estritamente visitas à ilha para proteger o modo de vida dos Sentineleses e resguardá-los de doenças modernas, para as quais não possuem imunidade.
Recentemente, a ilha voltou a ser foco de atenção após a tentativa de um turista de contatar a tribo. Mykhailo Viktorovych Polyakov, de 24 anos, foi detido após sua viagem ilegal à ilha, que ocorreu em 29 de março de 2025. Embora tenha conseguido chegar à ilha, Polyakov não fez contato direto com os Sentineleses, segundo informações da polícia local.
Quem são os Sentineleses?
Os Sentineleses são uma das tribos mais isoladas do mundo, com poucos contatos documentados com o mundo exterior. Sua população é estimada em algumas dezenas a centenas de indivíduos, mas o número exato permanece desconhecido devido à sua natureza reclusa. Historicamente, eles têm rejeitado vigorosamente qualquer tentativa de contato, muitas vezes de forma hostil.
Encontros anteriores com a tribo resultaram em tragédias. Em 2018, o missionário americano John Allen Chau foi morto ao tentar evangelizar a tribo. Esse evento destacou os riscos associados a qualquer tentativa de interação com os Sentineleses, tanto para os visitantes quanto para a própria tribo, que corre o risco de ser dizimada por doenças comuns no mundo exterior.
Por que a visita à Ilha Sentinela do Norte é proibida?
A proibição de visitas à Ilha Sentinela do Norte é uma medida de proteção tanto para os Sentineleses quanto para os visitantes. A tribo não possui imunidade a doenças comuns, como gripe ou sarampo, que poderiam ter consequências devastadoras para sua população. Além disso, a preservação de seu modo de vida tradicional é uma prioridade para as autoridades indianas, que buscam evitar a interferência externa.
Caroline Pearce, diretora da Survival International, destacou que ações como as de Polyakov são “imprudentes e perigosas“, colocando em risco não apenas a vida do visitante, mas também a sobrevivência da tribo. A organização defende a proteção dos direitos dos povos indígenas isolados e alerta para os perigos de qualquer tentativa de contato não autorizado.
O que levou Polyakov a tentar o contato?
Segundo a investigação policial, Polyakov havia planejado sua viagem com antecedência, visitando as ilhas Andaman em duas ocasiões antes de tentar alcançar a Ilha Sentinela do Norte. Ele partiu de uma praia a cerca de 40 km de distância, em South Andaman, utilizando um barco inflável. Durante a investigação, Polyakov afirmou que deixou garrafas de refrigerante para a tribo, embora nada tenha sido encontrado até o momento.
A polícia apreendeu diversos itens pertencentes a Polyakov, incluindo um telefone, uma GoPro e uma garrafa de areia supostamente coletada da ilha. As autoridades continuam a monitorar a situação de longe, utilizando binóculos para observar a ilha sem violar a proibição de desembarque.
Quais são as implicações legais e éticas dessa tentativa de contato?
Polyakov ainda não foi formalmente acusado de nenhuma infração, mas sua detenção destaca as complexas questões legais e éticas envolvidas em tentativas de contato com tribos isoladas. As leis indianas são claras em sua proibição, refletindo um compromisso com a proteção dos Sentineleses e o respeito por sua autonomia.
Este incidente serve como um lembrete da importância de respeitar as culturas e os direitos dos povos indígenas, evitando ações que possam colocar em risco sua sobrevivência e integridade cultural. A comunidade internacional continua a debater as melhores práticas para garantir a proteção desses grupos vulneráveis, equilibrando o desejo de conhecimento com a necessidade de preservação.
Leia também: Quem é a turista que morreu em desabamento da ‘Igreja de Ouro’?