O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes se pronunciou nesta quinta-feira (14) a respeito das explosões ocorridas na área central de Brasília. De acordo com o magistrado, o fenômeno não deve ser visto como um “fato isolado”, mas sim como produto do ódio político que se espalhou pelo Brasil.
“Não podemos ignorar o que ocorreu ontem. E o Ministério Público é uma instituição muito importante, vem fazendo um trabalho muito importante no combate a esse extremismo que lamentavelmente nasceu e cresceu no Brasil em tempos atuais. Nós precisamos continuar combatendo isso“, disse, enquanto abria uma aula magna no Conselho Nacional do Ministério Público.
Gabinete do ódio
O ministro do STF citou o gabinete do ódio como um dos catalisadores da desconfiança sobre os órgãos brasileiros. “Queira Deus que seja um ato isolado, este ato. Mas o contexto é um contexto que se iniciou lá atrás, quando o famoso gabinete do ódio começou a destilar discurso de ódio contra as instituições, contra o Supremo Tribunal Federal, principalmente. Contra a autonomia do Judiciário, contra os ministros do Supremo e as famílias de cada ministro”, afirmou.
Moraes também lembrou o atentado de 8 de janeiro de 2023 – quando bolsonaristas radicais invadiram e depredaram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal. Até agora, o STF já condenou mais de 250 pessoas envolvidas nos atos golpistas. “Isso foi se avolumando sob o manto de uma criminosa utilização da liberdade de expressão. Ofender, ameaçar, coagir, em nenhum lugar do mundo isso é liberdade de expressão. Isso é crime“, enfatizou.
ALEXANDRE DE MORAES:
“Não existe possibilidade de pacificação com anistia para criminosos”
Alexandre era o alvo do atentado na Praça dos Três Poderes. pic.twitter.com/AWScaXFzK7
— Renan Brites Peixoto (@RenanPeixoto_) November 14, 2024
Explosões sem anistia
Os ministros do STF já sinalizaram que a discussão sobre anistia aos envolvidos está fora de cogitação após as explosões. Moraes, que já era relator dos inquéritos dos atos antidemocráticos, receberá também o caso do homem-bomba.
“Ontem é uma demonstração de que só é possível essa necessária pacificação do país com a responsabilização de todos os criminosos. Não existe a possibilidade de pacificação com anistia a criminosos”, concluiu o magistrado, defendendo a punição dos envolvidos.
“Nós sabemos, e vocês do Ministério Público sabem, que o criminoso anistiado é o criminoso impune. E a impunidade vai gerar mais agressividade, como gerou ontem. As pessoas acham que podem vir até Brasília, tentar entrar no STF para explodir o STF. Porque foram instigadas por muitas pessoas, lamentavelmente várias com altos cargos na República.”
A apuração sobre antecedentes do homem ficará sob responsabilidade da Polícia Federal e do próprio Supremo Tribunal Federal.