
A suposta entrada de Felipe Neto na corrida presidencial de 2026 durou pouco mais de 24 horas. Após divulgar um vídeo nas redes sociais anunciando sua pré-candidatura ao Palácio do Planalto, o influenciador digital esclareceu nesta sexta-feira (4) que tudo não passou de uma estratégia de marketing para promover o audiolivro 1984, de George Orwell.
A gravação publicada na quinta-feira (3) apresentava um tom grave, referências literárias e até o esboço de uma nova rede social, batizada de Nova Fala. No dia seguinte, o influenciador voltou às redes para admitir que a iniciativa foi pensada apenas para gerar impacto. “Tudo que falei no vídeo [de quinta] é o oposto do que eu acredito”, afirmou.
“Espero do fundo do coração que não tenham acreditado”, declarou ele na mesma postagem, explicando que o objetivo era “chamar a atenção” para a nova produção sonora baseada no clássico distópico.
Brincadeira de Felipe Neto ou crítica velada ao sistema?
O vídeo divulgado na quinta levantou dúvidas entre os seguidores. Muitos se perguntaram se era uma ação publicitária, um protesto político ou apenas uma sátira. A estética e o discurso remetiam ao universo de 1984, obra que descreve um regime totalitário onde a manipulação da linguagem e a vigilância constante são ferramentas de dominação.
Sem vínculo com partidos ou experiência em cargos eletivos, Felipe Neto aparece no vídeo como uma figura disposta a liderar o Brasil com base na “vontade da maioria” e no “domínio da informação”. A proposta de rede social também se inspira diretamente no conceito da “novafala” (ou newspeak, no original), um idioma artificial criado no livro para limitar o pensamento crítico.
Durante a gravação, ele reforça a ideia de vigilância como ferramenta de cuidado. “Assim como um pai precisa vigiar o seu filho para educá-lo bem, é isso que precisa fazer o líder de uma nação. É isso o que eu quero ser para o povo brasileiro: um pai, tão generoso quanto vigilante. Ou, se eu for jovem demais para isso, como um irmão mais velho.“
Na mensagem, o influenciador ainda dizia que sua pré-candidatura surgia de uma pausa nos debates políticos, feita com o intuito de observar o cenário com distanciamento. “Nos últimos meses, eu evitei posicionamentos políticos, porque eu precisava ter um olhar de fora”, justificou.
A revelação de que tudo se tratava de uma ação promocional confirma as suspeitas levantadas logo após a divulgação. O conteúdo, envolto em retórica política e estética distópica, provocou ampla repercussão nas redes. Ao final do vídeo, ele havia dito: “Eu quero ser presidente porque, embora seja um homem de fora da política, eu tenho ao meu lado a maior arma do nosso tempo: o uso das redes”.
Com o esclarecimento, Felipe Neto encerra uma breve encenação, mas não sem deixar um alerta sobre os riscos do poder digital, ao mesmo tempo em que promove sua nova empreitada literária em áudio.
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