O Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo divulgou nesta segunda-feira (14) os resultados sobre as causas da queda do voo 2283 da Voepass Linhas Aéreas, que ocorreu na última sexta-feira (9) em Vinhedo, interior do estado. As 62 vítimas faleceram instantaneamente devido a politraumatismo, conforme revelado pela investigação.
O politraumatismo, que envolve múltiplas lesões em diferentes partes do corpo, é frequente em acidentes graves como quedas de aeronaves. Neste caso específico, as graves lesões internas foram fatais, especialmente porque afetaram órgãos vitais.
Durante o impacto do avião com o solo, as vítimas sofreram lesões severas que resultaram na perda imediata de consciência. De acordo com o diretor do IML de São Paulo, Vladimir Alves dos Reis, a intensidade das lesões foi tal que as vítimas não tiveram tempo de sentir dor. Todos perderam a consciência de forma imediata.
O neurocirurgião Lucas Vasconcellos, especialista em trauma e coluna, explicou que o politraumatismo envolve a destruição de órgãos e esfacelamento do corpo humano, resultando em uma morte quase instantânea após o impacto.
🚨ATENÇÃO: Todas as 62 vítimas da queda do avião da Voepass em Vinhedo não sentiram dor, diz diretor do IML de São Paulo, onde os corpos foram levados.
A maioria dos passageiros morreu de politraumatismo por causa do impacto da aeronave no chão. pic.twitter.com/Ii68W1mL6U
— CHOQUEI (@choquei) August 14, 2024
Como o corpo humano reage à queda de um avião?
Milton Steinman, cirurgião-geral da equipe de Trauma do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, sugere que os passageiros podem ter perdido a consciência durante a queda por diversos fatores e alterações no organismo.
“As forças na queda são intensas e podem reduzir o fluxo sanguíneo ao cérebro, levando à perda de consciência. Além disso, podem resultar em queda de pressão e diminuição do oxigênio no cérebro, o que também deixa o indivíduo inconsciente”, disse em entrevista para O Globo.
Já Lucas Vasconcellos acredita que, no caso do acidente em Vinhedo, a configuração da queda pode ter dificultado a perda de consciência antes do impacto. “O avião não sofreu ruptura, então as janelas estavam hermeticamente fechadas, o oxigênio estava dentro e a temperatura estava mantida”, opinou.
Steinman detalha os efeitos destrutivos de um acidente aéreo desse tipo. “O impacto do avião com o solo resulta em uma força extremamente alta que causa desaceleração abrupta, transferindo imensa energia para os corpos dos ocupantes, provocando fraturas múltiplas e ferimentos internos graves”, explica.
Essas lesões podem incluir desde fraturas nos ossos, como a coluna, crânio e costelas, até danos internos mais graves em órgãos vitais. Vasos sanguíneos importantes, como a aorta, podem se romper, e lesões cerebrais graves também são possíveis devido ao impacto direto e à intensa desaceleração.
Além do impacto violento, outros fatores, como a idade e a condição física dos passageiros, influenciam a resistência às forças de colisão. “Ainda há riscos durante a queda antes do avião atingir o solo, principalmente se os passageiros não estiverem usando cintos de segurança, aumentando a probabilidade de serem lançados contra o interior da aeronave”, conclui Vasconcellos.