carga exaustiva

Escala 6×1 contribui para o ‘desenvolvimento de transtornos mentais e ansiedade’, alerta psicóloga

A pressão pelo fim da escala 6x1 tem crescido, alimentando o debate sobre os efeitos desse modelo na saúde mental dos trabalhadores.
Entre as principais justificativas para a pressão pelo fim da escala 6×1 está a carga exaustiva imposta ao trabalhador – Crédito: Fernando Frazão/Agência Brasil

A pressão pelo fim da escala 6×1 — que exige seis dias consecutivos de trabalho para apenas um de descanso — tem crescido nas redes sociais, alimentando o debate sobre os efeitos desse modelo na saúde mental dos trabalhadores. A campanha ganhou impulso após a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) apresentar uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) no Congresso Nacional, propondo a redução da jornada. Entre as principais justificativas está a carga exaustiva imposta ao trabalhador.

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O movimento Vida Além do Trabalho, que fundou a luta pelo fim da escala, argumenta que essa rotina desgastante compromete áreas fundamentais da vida pessoal, como saúde, lazer e convivência familiar. Rick Azevedo, criador do grupo, relatou em entrevista à revista Fórum, em fevereiro deste ano, que desenvolveu depressão e ansiedade após mais de uma década trabalhando nesse regime.

Escala 6×1 reduz tempo de descanso e aumenta riscos de transtornos mentais

A psicóloga e psicanalista Dra. Luciana Inocêncio reforça que a escala 6×1 pode ser profundamente prejudicial à saúde mental dos trabalhadores. “Esse esquema oferece pouco tempo para que o corpo e a mente se recuperem plenamente dos dias trabalhados, o que pode levar a um acúmulo de fadiga física e mental”, explica. Segundo ela, a ausência de pausas regulares deixa o trabalhador exposto a um ritmo acelerado e constante, aumentando os níveis de estresse e elevando o risco de esgotamento, inclusive com possibilidade de burnout (esgotamento emocional e físico extremo).

Dra. Luciana também destaca que a rotina de seis dias seguidos de trabalho limita o tempo que as pessoas têm para socializar com familiares e amigos, fator importante para a saúde mental. “O trabalho contínuo limita o tempo para a convivência com a família e os amigos, o que pode gerar sentimentos de isolamento e de insatisfação com a qualidade de vida”. Essa escassez de momentos de lazer e convívio social é apontada como um agravante para o quadro de insatisfação e transtornos de ansiedade, muitas vezes relatados por trabalhadores submetidos a esse regime.

Outro ponto levantado pela psicóloga é o impacto negativo da escala 6×1 sobre o sono e a produtividade. Ela explica que a falta de descanso adequado afeta diretamente a capacidade de concentração, o humor e a eficácia no trabalho, e contribui para o surgimento de problemas diversos, incluindo ansiedade. “A falta de tempo para descanso suficiente também afeta a qualidade do sono, impactando o humor, a concentração e a produtividade, e contribui para o desenvolvimento de transtornos diversos e de ansiedade”, afirma.

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Além disso, a sobrecarga impede que o trabalhador cuide de outras necessidades básicas, como tarefas domésticas e atividades de autocuidado. “O trabalhador ainda fica com pouco tempo para organizar sua rotina doméstica, praticar atividade física, cuidar da saúde ou simplesmente não fazer nada — o que também faz bem à saúde e à produtividade laboral”, diz Dra. Luciana.

Segundo a psicóloga, o modelo 6×1 compromete o equilíbrio entre trabalho e descanso, agravando o estresse e prejudicando o bem-estar.

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