Uma pesquisa, divulgada na revista oficial da Academia Americana de Neurologia, revelou uma relação de sintomas depressivos durante a juventude e impacto na capacidade cognitiva. Mais de 3 mil indivíduos foram monitorados pelos cientistas durante duas décadas, proporcionando um entendimento sobre o desenvolvimento de demência associados à depressão por muitos anos.
O participantes foram divididos em quatro grupos, com base na intensidade e persistência de seus sintomas depressivos ao longo do tempo – variando de baixos a crescentemente altos. Os sintomas incluíram mudanças no sono e apetite, dificuldades de concentração e sentimentos persistentes de tristeza ou inutilidade.
Ao final do estudo, os participantes, que começaram a pesquisa com aproximadamente 30 anos e terminaram com cerca de 55 anos, foram submetidos a testes de memória. Os resultados das análises mostraram que aqueles com maior carga de sintomas depressivos exibiram um declínio de memória significativamente maior, com pontuações 28% inferiores às de indivíduos com sintomas mínimos.
Os cientistas concluíram, basicamente, que os sintomas depressivos prolongados podem afetar a capacidade cognitiva das pessoas, deixando os pacientes mais suscetíveis a casos de perda de memória, como a demência.
Impacto da depressão é desproporcional em comunidades negras
Durante a pesquisa, foi revelada a maior vulnerabilidade de pessoas negras aos efeitos negativos da depressão, o que afeta com mais intensidade a memória. Dos participantes avaliados, 47% eram negros, e entre aqueles com altos níveis de sintomas depressivos, o número cresce para 70%. Eles também foram os participantes que apresentaram o pior resultado nos testes de memórias.
Os resultados destacam a importância de considerar fatores socioeconômicos, como habitação, renda e acesso a tratamento médico adequado, ao desenvolver estratégias para prevenir a demência. “As desigualdades raciais devem ser tidas em conta ao conceber intervenções para reduzir o risco de demência de uma pessoa”, afirmou Leslie Grasset, autora do estudo e PhD da Universidade de Bordeaux, na França.
Outros estudos já haviam estudado a relação da depressão e a perda de memória, mas nunca por um período tão longo. Veja:
Pesquisa internacional descobre relação entre eventos emocionais e memória
Estudo sugeriu que pacientes que sofrem com transtornos pós-traumáticos, depressão e outros distúrbios da mente podem ter maior dificuldade para armazenar e criar novas memóriashttps://t.co/cUEwJmqhoA
— Ciência USP (@cienciausp) February 25, 2023
*texto sob supervisão de Tomaz Belluomini
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