ENTENDA

Atletas da Coreia do Norte podem ser punidos por selfie na Olimpíada, diz jornal

Após a cerimônia de premiação das duplas mistas no tênis de mesa, atletas das duas Coreias posaram juntos para uma fotografia, em um gesto que simbolizou união

Após a cerimônia de premiação das duplas mistas no tênis de mesa, atletas da Coreia do Norte e do Sul posaram juntos para uma foto.
Atletas do pódio do tênis de mesa se mobilizaram para registrar o momento – Créditos: Getty Images

Durante os Jogos Olímpicos de Paris, uma imagem icônica capturou a atenção global e trouxe à tona a complexidade das relações diplomáticas entre as Coreia do Sul e Coreia do Norte. Após a cerimônia de premiação das duplas mistas no tênis de mesa, atletas dos dois países posaram juntos para uma fotografia, em um gesto que simbolizou união, mas que agora está gerando controvérsia e pode resultar em sanções para os esportistas norte-coreanos.

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O ouro na competição foi conquistado pela dupla chinesa Chuqin Wang e Yingsha Sun, que convidaram os medalhistas de prata, os norte-coreanos Jong Sik Ri e Kum Yong Kim, e os sul-coreanos Jonghoon Lim e Yubin Shin, que ficaram com o bronze, para uma selfie no pódio. A imagem foi amplamente compartilhada nas redes sociais e foi reconhecida pela revista Time como um dos 12 momentos de maior desportivismo nos Jogos de Paris. No entanto, o gesto de camaradagem não foi bem recebido na Coreia do Norte, que levou para casa seis medalhas nos Jogos, sendo duas de prata e quatro de bronze.

De acordo com informações do jornal sul-coreano Daily NK, os atletas norte-coreanos Kim Kum-yong e Ri Jong-sik estão sendo submetidos a um rigoroso “escrutínio ideológico” em seu país, um procedimento comum para aqueles que competem no exterior. Esse processo, típico em um regime que mantém controle estrito sobre suas informações e cidadãos, busca avaliar o comportamento dos atletas que tiveram contato com o exterior. A internet e o acesso ao mundo externo são extremamente limitados na Coreia do Norte, e qualquer interação com “inimigos” é tratada com extrema seriedade.

Em meio à crescente tensão entre as duas Coreias, a selfie gerou duras críticas internas na Coreia do Norte, onde os atletas são acusados de sorrirem e posarem ao lado de representantes de um país considerado inimigo. Se consideradas inadequadas pelo governo, as ações dos atletas podem resultar em punições políticas ou administrativas severas.

A situação levou a Human Rights Watch a denunciar o caso ao Comitê Olímpico Internacional (COI), pedindo medidas de proteção aos atletas norte-coreanos. “O Comitê tem a responsabilidade de proteger os atletas de todas as formas de abuso e assédio, conforme estabelecido na Carta Olímpica. Os atletas da Coreia do Norte não deveriam temer retaliações durante os Jogos, especialmente quando suas ações representam os valores de respeito e amizade, pilares do movimento olímpico”, declarou a organização.

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As relações entre as duas Coreias permanecem tensas desde a década de 1950. Após a Guerra da Coreia, que durou de 1950 a 1953 e resultou em cerca de três milhões de mortos, foi criada a Zona Desmilitarizada da Coreia (DMZ), que até hoje separa os dois países. A Coreia do Norte, conhecida por seu regime fechado, continua a protagonizar conflitos com o Sul, como o recente envio de balões com lixo em retaliação a ativistas sul-coreanos que lançaram balões com dinheiro, pen-drives contendo música sul-coreana e panfletos críticos ao líder Kim Jong-un.

*Matéria originalmente publicada por Sportbuzz

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