Restos de vitamina B3 e uracil, substâncias essenciais para a vida humana, foram encontrados em um asteroide que ainda não tinha tido contato com a Terra. A retirada de amostras do asteroide Ryugu foi possível depois de ele ser recuperado em 2018 pela sonda Hayabusa2 da Agência Espacial do Japão (JAXA). Elas foram mantidas sem contato com a Terra e os resultados das avaliações divulgadas demonstraram a presença das substâncias.
A vitamina B3 é um agente importante para o metabolismo dos organismos vivos, enquanto o uracil é uma das unidades que compõem o RNA, as moléculas que transportam as informações para a construção e funcionamento dos organismos vivos ao possibilitarem a produção de novas proteínas.
A descoberta dos cientistas japoneses foi publicada nesta terça-feira (21) pela revista Nature Communications e é a primeira vez que uma nucleobase como o uracil é detectado em uma amostra retirada de um asteroide.
O surgimento destas substâncias em um asteroide despertou novamente as discussões sobre teorias que envolvem o surgimento da vida na Terra há aproximadamente 3,8 bilhões de anos (de acordo com as teorias mais aceitas).
“O presente estudo sugere fortemente que tais moléculas de interesse prebiótico comumente se formaram em asteroides carbonáceos, incluindo Ryugu, e atingiram a Terra primitiva”, explicam os autores.
O coordenador do projeto, Yasuhiro Oba, explicou que “a espaçonave Hayabusa2 coletou duas amostras diretamente do asteróide Ryugu e as entregou à Terra em cápsulas seladas, a contaminação pode ser descartada”. Anteriormente, nucleobases e vitaminas já haviam sido encontradas em outros meteoritos ricos em carbono, mas como havia o risco de uma exposição ao ambiente terrestre, as amostras deixavam dúvidas.
Os pesquisadores alertam, no entanto, que isso não significa que a vida tenha sido trazida à Terra diretamente do espaço, mas que a presença destas substâncias pode ter desempenhado algum papel no surgimento da vida no planeta.
Outras moléculas orgânicas, como uma seleção de aminoácidos, aminas e ácidos carboxílicos foram encontrados na mesma amostra. Os mesmos pesquisadores já haviam encontrado estes tipos de molécula em outros meteoritos que haviam caído na Terra, mas estas amostras reforçam a teoria de uma origem extraterrestre da vida por se tratar de material que não teve nenhum contato com o planeta.