Quando a personagem Bridget Jones, interpretada pela atriz Renée Zellweger estava passando por um término difícil, como muitas mulheres, ela procurou imediatamente um pote de sorvete para acalmar os nervos. Essa cena é muito comum em diversos filmes: quando se sentem sozinhas, procuram conforto na comida. Porém, na vida real, não é muito diferente.
Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, descobriu que mulheres solitárias anseiam por doces. Inicialmente, esses alimentos agem como analgésicos emocionais.
Publicado na revista científica JAMA Network Open, o estudo entrevistou quase 100 mulheres e foi possível observar que as descobertas destacam o “círculo vicioso entre alimentação pouco saudável e sintomas mentais negativos”. “Abordagens holísticas” que visam tanto o corpo como a mente para “nutrir” um cérebro solitário devem ser usadas para ajudar as mulheres a saírem deste ciclo.
Loneliness may be linked to brain patterns that highlight difficulties in motivation, control, and processing of internal states in response to foods and increased alterations in eating behaviors, obesity, and psychological symptoms. https://t.co/8Uh08Q5vcV
— JAMA Network Open (@JAMANetworkOpen) April 4, 2024
Como as mulheres foram avaliadas?
Todas as 93 mulheres que participaram do estudo responderam um quiz sobre os seus sentimentos de solidão e isolamento, bem como seus hábitos alimentares. Além disso, elas passaram por testes de composição corporal.
Os resultados mostraram que aquelas mais isoladas socialmente apresentavam níveis mais elevados de gordura corporal, uma dieta pior, maiores desejos e padrões alimentares mais descontrolados. Bem como, as mais solitárias também apresentam mais sintomas de ansiedade e depressão.
Em seguida, foram mostradas fotos de tipos de comida diferentes, salgadas e doces. Enquanto elas observavam as imagens, passaram por exames de ressonância magnética para avaliar a atividade cerebral de cada uma. As mulheres mais solitárias mostraram maior atividade no lóbulo parietal inferior, que se acredita controlar o desejo por alimentos açucarados. Separadamente, os resultados sugeriram que havia menos atividade nas áreas associadas ao autocontrole.
“Os alimentos doces parecem exercer uma influência mais pronunciada e abrangente em comparação com os alimentos salgados. Os alimentos doces também são altamente gratificantes, com um efeito analgésico que pode reduzir a dor social associada à exclusão social”, relataram os pesquisadores.
*texto sob supervisão de Tomaz Belluomini