Nesta segunda-feira (20), assim que foi confirmada a morte do presidente Ebrahim Raisi, o Irã declarou cinco dias de luto. No entanto, as manifestações até agora têm sido menos expressivas em comparação a grandes eventos de luto público de outras figuras na história iraniana.
Enquanto apoiadores do regime lotavam mesquitas e praças para rezar pelos mortos no acidente de helicóptero, a maior parte das lojas permaneceu aberta. Além disso, alguns opositores postaram vídeos de pessoas celebrando a morte do presidente.
À Reuters, por exemplo, uma estudante de 21 anos em Teerã que se identificou como Laila contou que não sentiu tristeza pela morte de Ebrahim Raisi. Isso porque “ele ordenou a repressão às mulheres devido ao hijab”. No entanto, ela enfatizou que o falecimento do presidente não mudará o regime atual.
“Figura odiada”
Segundo os opositores dos líderes iranianos, tanto no país quanto no exílio, Raisi é figura odiada desde os anos 1980, período que ele foi acusado de desempenhar um papel central como jurista na execução de dissidentes.
Vale ressaltar que o Irã nunca admitiu a ocorrência de execuções em massa. No entanto, a Anistia Internacional afirma que, na primeira década após a Revolução Iraniana, pelo menos 5.000 iranianos foram assassinados.
Mais recentemente, durante as manifestações de 2022 e 2023, grupos de direitos humanos afirmaram que centenas de iranianos morreram. Vale destacar que os protestos tiveram início com a morte de uma jovem mulher curda iraniana que foi detida pela polícia moral por violar os rígidos códigos de vestimenta do país.
“Parabenizo as famílias das vítimas das execuções”, foi o que postou o usuário da internet identificado como Soran Mansournia em um fórum online que discutia o legado do presidente iraniano. Já outro usuário lamentou que Raisi teve “uma morte de mártir”.
“Quem se importa. Um linha-dura morre, outro assume e nossa miséria continua. Estamos ocupados demais com questões econômicas e sociais para nos preocuparmos com tais notícias”, argumentou Reza, um comerciante de 47 anos.
Iranians in Germany are holding street parties to celebrate Ebrahim Raisi’s death.
Helicopter Day is now an international event 😁
— Nioh Berg ♛ ✡︎ אסתר (@NiohBerg) May 20, 2024
*texto sob supervisão de Tomaz Belluomini