A Thwaites, uma geleira de 120 quilômetros, localizada na Antártida, apresenta um risco de derretimento maior do que o cientistas estimavam, podendo elevar o nível do mar em até 60 centímetros. Conhecida como a “geleira do juízo final“, seu degelo significa uma ameaça para todo o mundo.
A recente pesquisa, conduzida por especialistas de universidades dos Estados Unidos e do Canadá com o apoio da NASA, revelou que a geleira está se movimentando mais rápido do que se pensava, sendo empurrada pela água quente do oceano. O estudo analisou imagens de satélite para monitorar a região.
A Thwaites está ancorada ao fundo do oceano, mas marés intensas têm sido capazes de levantá-la, permitindo que a água quente do oceano invada sua base por até seis quilômetros. Esta parte elevada, quando entra em contato com a água quente, tende a acelerar o processo de derretimento, já que a deixa mais vulnerável. Esse processo agrava o impacto de outras mudanças climáticas, como a variação de temperatura na Terra, por exemplo.
Christine Dow, coautora do estudo e professora na Faculdade de Meio Ambiente da Universidade de Waterloo, destacou em comunicado oficial que a descoberta não apenas revela maior e mais intenso derretimento da geleira do juízo final, mas também como a interação das marés com o oceano mais quente pode modificar toda a camada de gelo, elevando o nível do mar no mundo todo.
“Thwaites é o lugar mais instável da Antártida e contém o equivalente a 60 centímetros de aumento do nível do mar. A preocupação é que estejamos subestimando a velocidade com que a geleira está mudando, o que seria devastador para as comunidades costeiras em todo o mundo“, disse.
O estudo foi publicado nesta segunda-feira (20) no periódico científico Proceedings of the National Academy of Sciences e ainda não sabe precisar a velocidade com que a geleira do juízo final derrete, mas espera contribuir para previsões mais certas sobre o futuro dos oceanos.
O perigo do derretimento da geleira do juízo final
Os últimos tempos têm sido reveladores das consequências do aquecimento global, com aumento da temperatura dos oceanos, aumento na emissão de gases do efeito estufa e grande variação na temperatura global. Essas mudanças têm impacto direto nas geleiras e no nível do mar.
A Thwaites é popularmente conhecida como geleira do juízo final justamente porque se derreter, pode colocar o mundo todo em risco. Seu derretimento anual é responsável por 4% da elevação do nível do mar, um efeito grande para uma única geleira.
Caso geleiras como essa descongelem completamente, cidades costeiras podem ficar completamente submersas. A projeção dos especialistas é que, por exemplo, as Ilhas do Pacífico podem desaparecem completamente. Cidades como Miami e Nova Iorque enfrentariam inundações graves e um quinto de Bangladesh estaria debaixo d’água.
Um estudo feito pela NASA mostra que 293 cidades portuárias no mundo serão afetadas pelo derretimento de massas de gelo ao redor do mundo, incluindo municípios no Brasil. Rio de Janeiro, Recife e Belém fazem parte deste lista.
O derretimento de geleiras é um tópico que vem sido alvo de debates, devido à crescente preocupação com o tema e suas consequências. No início deste mês, por exemplo, a Venezuela teve o último de seus glaciares descongelados, num marco histórico e representativo do efeito das mudanças climáticas. Veja:
“Última geleira da Venezuela derrete e país é o primeiro a perder todos os seus glaciares
Tudo indica q o país é o primeiro a ter perdido todas as suas geleiras nos tempos modernos. Apesar dos esforços, a geleira Humboldt, também conhecida c La Corona, se tornou um campo de gelo, pic.twitter.com/KxBJrJfAh4— AnistiaNuncaMais🚩🇧🇷🇨🇺🇯🇴🇻🇳🇲🇿 (@terezandrade) May 8, 2024
*texto sob supervisão de Tomaz Belluomini