Um estudo recente publicado na revista Nature Medicine revelou o potencial do WhatsApp como uma ferramenta eficaz no combate à depressão em idosos. Conduzida por Marcia Scazufca, a pesquisa envolveu 603 participantes com sintomas depressivos registrados em Unidades Básicas de Saúde (UBS) em Guarulhos, município vizinho a São Paulo.
Os participantes foram divididos em dois grupos: o primeiro, composto por 298 pessoas, recebeu mensagens de WhatsApp do programa “Viva a Vida” duas vezes ao dia, quatro dias por semana, durante seis semanas, abordando temas educacionais sobre depressão e ativação comportamental. Já o segundo grupo, com 305 participantes, recebeu apenas uma mensagem educacional. Ambos os grupos não contaram com suporte de profissionais de saúde.
Após o período de intervenção, os resultados mostraram que 42,4% dos participantes do grupo que recebeu as mensagens do WhatsApp apresentaram melhora nos sintomas depressivos, enquanto no grupo de controle essa melhora foi significativamente menor, atingindo 32,2%.
Os participantes foram selecionados com base na pontuação no Questionário de Saúde do Paciente-9 (PHQ-9), uma ferramenta comumente usada para avaliar a presença e gravidade dos sintomas de depressão. A maioria dos participantes tinha mais de 60 anos, com uma média de idade de 65,1 anos, e a maioria era do sexo feminino (74,8%).
Segundo reportagem do Portal do Governo, o programa “Viva a Vida” foi projetado para ser acessível, usando mensagens de voz ou imagens em vez de mensagens de texto, considerando o baixo índice de alfabetização da população idosa de baixa renda. As mensagens foram cuidadosamente elaboradas com linguagem simples e de fácil compreensão.
Os resultados do estudo sugerem que intervenções por meio de mensagens móveis podem ser eficazes no tratamento de curto prazo da depressão em idosos, especialmente em áreas com recursos limitados de saúde. Além disso, o baixo custo e a fácil implementação do programa tornam-no uma opção viável para países de baixa e média renda, onde os recursos de saúde mental são escassos.
Apesar dos resultados positivos, os pesquisadores enfatizam a necessidade de mais pesquisas para validar esses achados e expandir o alcance dessas intervenções digitais em saúde mental a nível global. O estudo recebeu apoio financeiro da Fapesp por meio de diferentes modalidades de apoio concedidas à equipe.