Recentemente, o sul do Brasil foi palco de enchentes intensas e prolongadas, marcando um dos piores desastres naturais da história da região. Esse fenômeno, não apenas causou estragos materiais e humanos significativos, mas também reacendeu discussões sobre a influência das atividades humanas no clima global.
Um estudo realizado por cientistas internacionais revelou que a queima de combustíveis fósseis e árvores duplicaram a probabilidade de ocorrer mais eventos como estes, de chuvas extremas. Esta catástrofe climática resultou em 169 mortes, destruição de casas e prejuízos significativos na agricultura. Além disso, mais de um milhão de pessoas ficaram sem serviços essenciais, como eletricidade e água potável.
Por que as enchentes no Sul do Brasil foram tão severas?
No pico das chuvas, a cidade de Santa Maria registrou um recorde histórico de precipitação em 24 horas, alcançando 213.6mm de chuva. Desta forma, em apenas três dias, a quantidade de chuva em Porto Alegre correspondia ao esperado para dois meses. Com isso, ruas viraram rios e estádios de futebol se transformaram em lagos. As defesas contra inundações da cidade, que deveriam suportar até 6 metros de água, falharam quando as inundações atingiram 4,5 metros.
Como o desmatamento e cortes de investimento influenciaram a tragédia?
A remoção de barreiras naturais como florestas e pântanos ao longo dos rios, principalmente para a expansão agrícola, e os cortes nos investimentos em infraestrutura de proteção contra inundações exacerbaram os efeitos das enchentes. Em suma, essas mudanças no uso do solo contribuíram diretamente para a tragédia ao eliminar proteções naturais indispensáveis.
Qual o papel das mudanças climáticas globais?
O grupo World Weather Attribution confirmou a forte influência humana nas catástrofes climáticas. O aquecimento global, impulsionado por emissões de gases de efeito estufa, tornou os eventos de chuva extrema duas a três vezes mais prováveis e cerca de 6% a 9% mais intensos. Esse fenômeno é comparável aos efeitos naturais do El Niño, que também impactam o clima global.
Além disso, o aquecimento global tem deslocado o cinturão tropical mais para o sul, funcionando como uma barreira que impede a passagem de frentes frias vindas da Antártica, alterando assim os padrões de chuva no Brasil. O estudo aponta que, se o aquecimento global atingir 2°C acima dos níveis pré-industriais, desastres como esse serão de 1,3 a 2,7 vezes mais prováveis no futuro.
Para mitigar impactos futuros, pesquisadores sugerem um planejamento urbano mais abrangente e investimentos maiores em defesas contra inundações. Além disso, enfatizam a necessidade de preservar e reforçar barreiras naturais como florestas e áreas úmidas. No entanto, a medida mais crítica continua sendo a redução acelerada das queimadas de árvores e combustíveis fósseis, cruciais para decelerar o ritmo das mudanças climáticas.
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