O dólar comercial interrompeu uma sequência de altas e fechou em queda nesta quinta-feira (13), refletindo as novas declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Depois de uma reação negativa do mercado na véspera, quando o dólar atingiu R$ 5,42, Haddad afirmou que a equipe econômica vai intensificar a revisão de despesas públicas nas próximas semanas. “Estamos dispostos a cortar privilégios”, disse o ministro em entrevista a jornalistas.
O Ibovespa, principal índice acionário da B3, encerrou em queda de 0,31%, aos 119.568 pontos.
O que movimentou o dólar?
A decisão do Federal Reserve (Fed) sobre os juros nos Estados Unidos, anunciada ontem, também continua a influenciar o mercado. O Fed manteve as taxas básicas inalteradas entre 5,25% e 5,50%, seu maior patamar desde 2001, sinalizando apenas um corte de juros em 2024.
A percepção de risco interno aumentou em meio às incertezas fiscais, levando investidores a monitorarem de perto as declarações de Haddad. O ministro afirmou que a equipe econômica vai apoiar o Senado na análise de medidas para compensar a desoneração da folha de pagamentos e a redução da contribuição previdenciária de alguns municípios brasileiros.
“Recebi a ministra Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) e discutimos nosso apoio ao Senado para a compensação. Todas as propostas serão analisadas para medir o impacto”, declarou Haddad. As falas do ministro ocorrem após o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, devolver ao presidente Lula trechos da Medida Provisória do PIS-Cofins, visto como uma derrota para Haddad.
Nós temos absoluta confiança que o dólar vai cair. Responsabilidade fiscal é compromisso do governo brasileiro. Teremos um ano de forte crescimento econômico. O ministro @Haddad_Fernando tem feito um bom trabalho e o governo é o governo do diálogo. Será um esforço para melhorar a… pic.twitter.com/7Fyz9XzDQo
— Geraldo Alckmin 🇧🇷 (@geraldoalckmin) June 13, 2024
O pacote de medidas tinha como objetivo gerar um aumento de R$ 29 bilhões na arrecadação em 2024. Haddad reiterou a necessidade de revisão de despesas públicas e eliminação de privilégios, mencionando temas como supersalários e correção de benefícios. “Queremos rever o gasto primário. Estamos dispostos a cortar privilégios”, afirmou.
Ao g1, Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, analisa que “o Governo fracassou em todas as suas tentativas até agora de apresentar um plano crível para a execução do arcabouço fiscal”. Spiess acrescentou que a pressão sobre o mercado continuará até que haja um plano confiável de ajuste fiscal.
O mercado também foi afetado por declarações do presidente Lula sobre aumento de arrecadação e queda das taxas de juros, o que permitiria a redução do déficit sem impactar os investimentos. Além disso, dados recentes do IBGE mostraram que as vendas varejistas brasileiras cresceram pelo quarto mês consecutivo em abril, atingindo o maior patamar da série histórica.
Nos EUA, o número de pedidos de auxílio-desemprego atingiu o nível mais alto em 10 meses, indicando um afrouxamento nas condições do mercado de trabalho. Os preços ao produtor caíram 0,2% em maio, contrariando as expectativas de alta de 0,1%.
A decisão do Fed e os novos indicadores econômicos dos EUA continuam a influenciar os mercados globais, com expectativas de que o primeiro corte de juros possa ocorrer ainda em setembro deste ano.
Siga a gente no Google Notícias