Um estudo recente, apresentado no Congresso Internacional sobre Obesidade (ICO) de 2024 em São Paulo, trouxe previsões preocupantes sobre a saúde pública no Brasil. Segundo a pesquisa, a incidência de obesidade e sobrepeso em adultos brasileiros pode chegar a 75% em apenas 20 anos, afetando quase três quartos da população adulta do país.
Este índice representa um aumento significativo comparado à taxa atual, que já afeta mais da metade dos brasileiros. Os dados foram coletados através de um estudo elaborado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), liderado pelo pesquisador Eduardo Nilson e sua equipe, que utilizaram modelagem avançada para estimar as consequências futuras desta tendência crescente.
O estudo indicou um futuro no qual 48% dos adultos no Brasil serão categorizados com obesidade e 27% com sobrepeso até 2044. Estas estatísticas apontam para um aumento dramático na prevalência de doenças crônicas relacionadas ao excesso de peso, como diabetes, doenças cardiovasculares e problemas renais, impactando profundamente o sistema de saúde do país.
Quais são as principais causas dessa tendência?
Os especialistas atribuem o rápido crescimento da obesidade e do sobrepeso no Brasil a uma combinação de fatores. Estilo de vida sedentário, aumento do consumo de alimentos processados e desigualdades socioeconômicas são considerados os principais impulsionadores deste fenômeno. Além disso, a falta de políticas públicas eficazes para combater essas condições agrava a situação.
A segregação será ainda mais acentuada em grupos demográficos específicos. Mulheres, negros e indivídos de outras etnias não-brancas tendem a ser desproporcionalmente afetados por obesidade e sobrepeso. As disparidades são também evidentes entre diferentes niveis de escolaridade, sendo aqueles com menor educação os mais prejudicados.
Quais medidas podem reverter o aumento da incidência de obesidade?
Para enfrentar este grave problema de saúde pública, especialistas como Bruno Halpem, presidente da Associação Brasileira para Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), enfatizam a necessidade de implementar políticas robustas de prevenção. Incentivos para uma vida mais ativa e a promoção de uma alimentação saudável são fundamentais. Além disso, é necessário que haja uma mudança na cultura popular e nas políticas governamentais, afastando-se da ideia de que a obesidade é meramente consequência de escolhas individuais (via CNN).
“Os resultados do estudo apoiam a necessidade urgente de políticas públicas para prevenir e tratar o sobrepeso e a obesidade no Sistema Único de Saúde (SUS) e demonstram prováveis impactos epidemiológicos da obesidade infantil no Brasil se não forem tomadas medidas apropriadas. Além dessas outras abordagens no âmbito do SUS, para resolver efetivamente essa questão, é essencial implementar políticas fiscais e regulatórias que promovam ambientes alimentares mais saudáveis, especialmente para crianças e adolescentes”, comentam os autores do estudo.
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