Muitas pessoas veem a oração não apenas como um ato de fé, mas como uma prática que traz paz e conexão interior. Recentemente, uma ouvinte do programa da BBC, Hillary, compartilhou como se sente conectada a algo maior quando reza, seja em meio à natureza ou em momentos de solitude. Essa busca por entendimento sobre o impacto da oração no bem-estar mental despertou questões científicas interessantes ligadas à atividade do cérebro.
A relação entre a prática da oração e a atividade cerebral tem sido objeto de estudo por especialistas ao redor do mundo. Andrew Newberg, um neurocientista do Instituto Marcus de Medicina Integrativa nos EUA, dedicou considerável parte de sua carreira para entender esse fenômeno por meio da ressonância magnética.
Como a oração influencia o cérebro?
Segundo Newberg, o lobo frontal do cérebro, responsável por nossa capacidade de concentração e atenção, é altamente ativado no início da oração. No entanto, durante uma oração profunda, essa atividade tende a diminuir, mostrando um estado de entrega e diminuição do autocontrole consciente, favorecendo uma experiência de transcendência.
A meditação e o mindfulness são práticas que, assim como a oração, promovem efeitos similares no cérebro. Tessa Watt, uma especialista nesses métodos, sugere que tanto a oração quanto o mindfulness podem acalmar o sistema nervoso parassimpático, que controla o nosso estado de descanso e digestão, contribuindo para a saúde mental.
O papel das emoções na prática da oração
Blake Victor Kent, um sociólogo e ex-pastor, estuda como as emoções influenciam a prática da oração. Segundo ele, pessoas criadas em ambientes com cuidadores confiáveis tendem a ter uma relação mais segura com a fé. Em contraste, aqueles que cresceram com menos segurança podem encontrar dificuldades não apenas em suas relações pessoais, mas também em sua conexão espiritual.
Blake acredita que a oração pode se tornar complicada para quem não confia facilmente, fazendo com que a experiência de fé seja permeada por ansiedade e incerteza. No entanto, ele também aponta que a psicoterapia pode ajudar a modificar essas conexões emocionais e melhorar o relacionamento com a prática religiosa.
Expressões criativas e espirituais
Além da oração, outras formas de expressão podem ser tão profundas quanto. Estudos indicam que, durante a improvisação musical, por exemplo, ocorre um fenômeno cerebral similar ao observado na oração. Isso sugere que a criatividade pode ser uma prática tão espiritual quanto a oração, mesmo para pessoas sem uma vida religiosa específica.
Entender a dinâmica entre o cérebro e práticas como a oração e a meditação mostra como somos complexos e como nossas experiências espirituais são influenciadas por múltiplos aspectos de nossa vida. Hillary, através do seu depoimento, reforça que a sensação de conexão pode ser alcançada de diversas formas. Isso pode ser possível falando com Deus, meditando ou até mesmo cantando em um coral.
Portanto, seja por meio da fé, da meditação ou da arte, as pessoas continuam buscando maneiras de entender e conectar-se consigo mesmas e com o mundo ao seu redor, promovendo não apenas uma jornada espiritual, mas também um caminho para saúde mental mais estável e gratificante.
*texto sob supervisão de Tomaz Belluomini
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