A Europa tem assistido um fortalecimento da extrema direita, fenômeno que possivelmente fará com que algumas políticas centrais sejam revisitadas. Partidos ultranacionalistas e conservadores estão tendo um grande desempenho nas três maiores potências da União Europeia: Alemanha, França e Itália.
Para o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Turk, o cenário é preocupante, especialmente devido as retóricas agressivas contra imigrantes e requerentes de asilo.
“Precisamos estar muito vigilantes porque especialmente a história nos diz, em particular na Europa, que a difamação do outro é um prenúncio do que está por vir. É um alarme que precisamos tocar”, afirmou Turk a repórteres numa conferência de imprensa em Genebra.
Segundo Turk, tais movimentos representam um retrocesso nas liberdades civilizatórias e um perigo no tratamento humano aos migrantes. O representante da ONU enfatizou a urgência de um combate contra todo tipo de discurso de ódio.
“Na Europa, infelizmente temos visto um aumento do discurso de ódio, um aumento do discurso discriminatório e é importante que os líderes políticos sejam muito claros que deve haver tolerância zero para o discurso de ódio e para qualquer tentativa de diminuir os outros”, ressaltou.
I’ve met #refugees who flee violence, conflict, & persecution, only to face new risks, hostile narratives, & restrictive asylum policies.
Every human has a right to asylum, safety, & dignity. This truth must be the starting point for all policy & action. pic.twitter.com/sdm02jREUh
— Volker Türk (@volker_turk) June 20, 2024
Quais os impactos do avanço da extrema direita na Europa?
Com o avanço da extrema direita, a tendência é que as políticas de imigração se tornem mais restritivas, com leis mais rígidas e controles fronteiriços reforçados. Isso porque a retórica contra imigrantes e refugiados é endossada, alimentando sentimentos xenofóbicos e aumentando a tensão social. Grupos minoritários, incluindo comunidades étnicas e LGBTQ+, podem enfrentar maiores riscos de discriminação e violência.
A Europa enfrenta um grande e desordenado influxo de imigrantes, o que fortalece o discurso ultranacionalista, especialmente contra imigrantes da África e muçulmanos. Por isso, Bruxelas precisará revisar suas políticas e adotar medidas mais rígidas para organizar melhor a situação, o que poderia reduzir o apelo da mensagem ultraconservadora.
Nas relações internacionais, partidos de extrema direita geralmente defendem políticas isolacionistas, o que pode afetar as relações da UE com outras nações e blocos econômicos. Mudanças nas alianças e parcerias internacionais são possíveis, com alguns partidos mostrando simpatia por regimes autoritários ou questionando alianças tradicionais, como a OTAN.
Além disso, o combate ao aquecimento global será significativamente impactado pelo avanço da extrema direita na União Europeia. Até agora, a UE, governada por uma coalizão de centro-direita e centro-esquerda, implementou políticas ambiciosas para combater as mudanças climáticas.
Essas políticas incluem a adoção de uma matriz energética mais limpa, sanções contra importações de países que desmatam e regras rigorosas para o uso da terra e dos recursos naturais. No entanto, essas medidas têm altos custos políticos e econômicos. A extrema direita, frequentemente contrária a essas políticas, argumenta que os europeus pagam um preço muito alto, inclusive com aumento da inflação, por liderarem esse debate, enquanto outros países e blocos concorrentes adiam ações similares.
Muitos políticos ultraconservadores são negacionistas climáticos. A resistência da extrema direita a essas políticas pode diminuir o impacto das iniciativas europeias para combater as mudanças climáticas.
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