poluição

Chumbo é detectado no leite materno de mulheres em São Paulo

Os pesquisadores também descobriram que a exposição infantil ao metal afetou significativamente o desenvolvimento da linguagem dos bebês

Um estudo revelou que o leite humano de mulheres em São Paulo está contaminado por metais como arsênio, chumbo e mercúrio.
Estudo feito por pesquisadores brasileiros encontra chumbo e outros metais no leite materno de mulheres em São Paulo – Crédito: Canva Fotos

Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) revelou que o leite humano de mulheres em São Paulo está contaminado por metais como arsênio, chumbo e mercúrio. Os pesquisadores também descobriram que a exposição infantil ao chumbo afetou significativamente o desenvolvimento da linguagem dos bebês.

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Pesquisas anteriores já haviam mostrado que bebês de países com baixo e médio rendimento têm maior risco de serem expostos à poluição ambiental. De acordo com a Comissão Lancet sobre Poluição e Saúde, existe uma desigualdade significativa nas mortes relacionadas à poluição, com maior percentual em países de baixa e média renda.

Impacto da poluição na saúde dos bebês

A poluição envolve diferentes formas de contaminação: ar, oceano e terra, por uma variedade de substâncias tóxicas. Isso inclui desde partículas finas no ar até mercúrio, plásticos e resíduos de produtos químicos industriais.

Diante dessa preocupação, pesquisadores da USP, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Universidade de Kyushu no Japão, examinaram amostras de leite humano de 185 pares de mães e bebês em São Paulo. Eles avaliaram a presença de metais como arsênio, chumbo, mercúrio e cádmio e observaram os efeitos desses componentes no neurodesenvolvimento dos bebês.

Os resultados mostraram que um terço das mulheres analisadas apresentava níveis detectáveis de metais em seu leite. O arsênio foi o mais comum, seguido por mercúrio e chumbo. O estudo também indicou que o chumbo apresentou um efeito significativo no desenvolvimento da linguagem dos lactentes.

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Os bebês são particularmente vulneráveis à absorção de metais devido à imaturidade de suas barreiras intestinais e outros órgãos, o que facilita a permeabilidade e toxicidade dessas substâncias. Estudos anteriores já tinham demonstrado que o cérebro pode ser gravemente afetado pelo chumbo.

Quais são as consequências da exposição ao chumbo a longo prazo?

Segundo os autores, mais estudos são necessários para confirmar a ligação entre a exposição ao chumbo e os déficits de neurodesenvolvimento no início da vida e para determinar as consequências de longo prazo em crianças e adultos.

“Nossos resultados merecem apreciação porque eles relatam uma estimativa de alto tamanho de efeito, mesmo considerando várias covariáveis, incluindo educação materna e renda familiar, sexo do bebê e status socioeconômico”, escrevem os pesquisadores no estudo.

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“Nosso estudo mostra que a exposição ao chumbo via leite humano está associada a uma trajetória de linguagem mais baixa durante os primeiros 2 anos de vida. Isso enfatiza a necessidade de revisar os níveis atualmente aceitos de metais em amostras humanas, pois mesmo baixas concentrações podem prejudicar populações vulneráveis”, acrescentam.

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