A forma como terapeutas abordam o passado de seus pacientes pode ter um efeito significativo nas memórias e emoções associadas a essas experiências. Recentes estudos evidenciam o potencial de alteração na percepção dos pacientes sobre eventos da infância, dependendo das perguntas feitas pelos profissionais durante as sessões de terapia psicológica.
Analisando o papel das informações ressurgidas durante a terapia, especialistas alertam para a importância de não influenciar a interpretação das memórias dos pacientes. Isso se torna especialmente relevante ao lidar com lembranças da infância, quando o cérebro em desenvolvimento já mostrava tendência a registrar de forma imprecisa os acontecimentos.
Como as perguntas podem afetar memórias da infância?
Uma pesquisa publicada na revista Psychological Reports Journal corrobora a ideia de que a forma como as perguntas são formuladas durante uma sessão terapêutica pode influenciar o direcionamento emocional dos pacientes. Durante o estudo, participantes foram incentivados a escrever sobre aspectos positivos ou negativos de suas mães. Os resultados evidenciaram que aqueles que focaram em traços positivos tendiam a evocar emoções mais felizes nas sessões subsequentes.
Esse fenômeno de evocação de memórias alteradas não é apenas uma questão de emocionalidade simples, mas um reflexo de como a mente humana processa traços significativos do passado. É essencial que os profissionais usem essa informação para fomentar um ambiente terapêutico saudável, onde os relatos surgem de maneira natural e não induzida.
Outros estudos, como aquele na Journal of Applied Research in Memory and Cognition, investigam o que é chamado de “trade-off memória emocional”. Este conceito refere-se à tendência de priorizar memórias com forte carga emocional. Resultados de testes indicam que quem consegue regular melhor suas emoções tende a lembrar mais detalhes das cenas neutras, evidenciando um equilíbrio emocional mais saudável.
Qual a importância dos métodos terapeutas na reavaliação cognitiva?
Profissionais como Martín Cammarota, da UFRN, enfatizam à Folha de São Paulo a precaução na busca pela origem de traumas. A escolha judiciosa das ferramentas psicoterapêuticas, validadas pela neurociência, é crucial para evitar indução de memórias falsas. Diferentes abordagens podem auxiliar os pacientes na modulação de suas memórias e nas respostas aos eventos.
Um estudo relatado na revista Emotion destacou os benefícios de treinamentos de memória de trabalho na regulação emocional negativa. Participantes mostraram melhor controle sobre suas emoções após o tratamento, o que resultou em um aprimoramento cognitivo duradouro.
A reavaliação cognitiva pode ser uma ferramenta poderosa quando usada com moderação. Mudanças excessivas na interpretação emocional podem comprometer a vivência de futuras experiências. Portanto, a prática requer um balanceamento cuidadoso para oferecer os melhores resultados possíveis aos pacientes.